sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Pra não coar mosquito e engolir camelo...

“Enquanto você dormia ontem, 30.000 crianças morreram de fome ou de doenças relacionadas a má nutrição. E mais: a maioria de vocês nunca ajudou em merda nenhuma. E o que é pior: você está mais perturbado com o fato de eu ter dito 'merda' do que com a notícia de que 30.000 crianças morreram de fome na última noite.” Frase de Tony Campolo, pregador e escritor cristão, durante uma palestra para estudantes universitários na década de 1980.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sobre o PLC 122/2006, a Igreja, os homossexuais...


Neste post, quero expressar o que penso acerca do PLC122/2006, projeto de lei "que pune a discriminação contra homossexuais". Para os desavisados, há uma enquete no site do Senado com a seguinte pergunta: "Você é a favor da aprovação do projeto de lei (PLC 122/2006) que pune a discriminação contra homossexuais?". Ora pois! Fora os fascistas, quem responderia "não"? Na última vez que acessei a página, o "sim" vencia com 51,68%. Acabo de ler todo o texto e percebi alguns pontos que gerariam um possível "não": a interferência do Estado num discurso contrário à prática homoafetiva.

"Amamos o homossexual, mas repudiamos o homossexualismo." - essa é a principal frase que ouço da parte dos cristãos; sobretudo, contrários ao PLC 122/2006. É um assunto delicado. Se você ainda não leu o projeto, aconselho que leia todo o texto (com suas alterações propostas) neste site. Assim, você terá uma opinião bem pessoal; quem sabe, mesmo sendo cristão, diga "sim".

Minha opinião acerca de um tema tão discutido é clara. Sou contra a discriminação aos homossexuais. O que não concordo é com o movimento GLBT que diz lutar pela diversidade, apresentando um discurso bastante orgulhoso. É uma pena! Lutar contra a homofobia é um compromisso que deveria ser praticado juntamente com a Igreja. Infelizmente, a Igreja que deveria ser a vanguarda de movimentos pela justiça social é tida como a "chuva no piquenique"...

Dizer que a bíblia é favorável ao homossexualismo é uma heresia. É muito mais sincero reconhecer que a bíblia discorda do homossexualismo e levar a vida - deixando a prática ou não: fica para o livre (?) arbítrio - ao invés de ficar criando heresias, nas igrejas "evangélicas" GLBT. Que diversidade é essa que não permite a discordância à prática homossexual? Dizer que sou contrário ao homossexualismo me faz ser um homofóbico? Dizer que os homossexuais precisam ser respeitados me faz ser um simpatizante? Não e não! É verdade que o papo de "nós amamos os homossexuais, mas repudiamos o homossexualismo" é mera teoria para alguns cristãos. Para alguns, é somente discurso. Ainda há muito desrespeito por parte de grupos (que se dizem) cristãos, mesmo tendo Cristo lutado contra toda forma de discriminação. Ah! Temos tanto a aprender com o Mestre!

Acredito que é preciso valer a proposta de diversidade, contida nas cores do arco-iris, símbolo do movimento GLBT. Caso contrário, ficaremos num discurso cada vez mais monocromático, em que ficará rotulado de "homofóbico" quem discordar do comportamento homossexual (tal como aquele que não enxerga a roupa do rei é taxado de "ignorante"). Por uma verdadeira diversidade e pela luta contra a verdadeira homofobia! Porque Jesus ama os homossexuais e deseja que eles O amem!

sábado, 3 de outubro de 2009

Em vez de um show


Eu odeio todo o seu show e pretensão
A hipocrisia do seu louvor
A hipocrisia de seus festivais
Eu odeio todo o seu show
Longe com sua adoração barulhenta
Longe com seus hinos barulhentos
Eu tapo meus ouvidos quando você as canta
Eu odeio todo o seu show


Em vez disso, deixe que haja uma inundação de justiça
Uma procissão sem fim de um viver de retidão
Em vez disso, deixe que haja uma inundação de justiça
Em vez de um show
Eu odeio todo o seu show


Seus olhos estão fechados quando você ora
Você canta junto com a banda
Você lustra seus sapatos para o culto
Mas tem sangue em suas mãos
Você virou as costas para o desabrigado
E para aqueles que não se encaixam nos seus planos
Pare de brincar de religião
Tem sangue em suas mãos


Ah! Vamos discutir isso
Se seus pecados são vermelhos como o sangue
Vamos discutir isso
Vocês serão brancos como as nuvens
Vamos discutir isso
Pare de ficar brincando
Dê amor para aqueles que não conseguem amar
Dê esperança para aqueles que não a têm
Defenda aqueles que não conseguem se defender

Eu odeio todo o seu show

Jon Foreman - álbum: Summer EP - faixa: Instead of a show

sábado, 26 de setembro de 2009

A sociedade do espetáculo

I

A separação consumada

E sem dúvida o nosso tempo... prefere a imagem à coisa, à cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser... Ele considera que a ilusão é sagrada, e a verdade é profana. E mais: a seus olhos o sagrado aumenta à medida que a verdade decresce e a ilusão cresce, a tal ponto que, para ele, o cúmulo da ilusão fica sendo o cúmulo do sagrado.

Feuerbach (Prefácio da segunda edição de A essência do cristianismo)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Quero ser um cristão diferente...


Autor Desconhecido.


Quero ser um Cristão diferente. Não quero ser conhecido apenas como alguém que "não bebe, não fuma e não joga". Isso é muito pouco. A "geração saúde", que freqüenta as academias e come comida natural, não bebe e não fuma, e nem por isso pode ser chamada de cristã. Também não me contento em ser chamado de Cristão por ter um modo diferente de me vestir. Durante muito tempo, no Brasil, a diferença que os Cristãos queriam mostrar era que eles se vestiam de uma maneira "esquisita", e isso acabou tornando-se motivo de chacota e que em nada engrandecia o Reino. Com certeza, usar uma roupa fora de moda, não faz de ninguém um cristão.

Também não me satisfaço com o modelo "gospel" de Cristão que há hoje em dia. Broche de Jesus, caneta de Jesus, meias de Jesus, calcinha de Jesus, etc. Sabe-se lá onde isso vai chegar. Tem muita gente ganhando rios de dinheiro com esses cosméticos para o Cristão moderno. A grife "JESUS" tem vendido muito. Mas não adianta. Usar toda a parafernália do marketing "gospel" não faz de ninguém um cristão.

Pensei comigo: a moçada evangélica hoje está toda na Internet. E saí à busca de salas de bate-papo de evangélicos. Confesso que tentei inúmeras vezes, mas não consegui. Me adentrava por assuntos importantes e profundos da vida cristã e as respostas eram chavões o tempo todo. Não se pensa, cria ou reflete, só se repete chavão do tipo "glóooooria", "Tá amarrado", "É tremendooo", etc. Definitivamente, repetir chavões a todo o momento não faz de ninguém um cristão.

Quero ser um Cristão diferente. Que não seja alienado da vida e de seus acontecimentos. Que saiba discutir e entender as questões existenciais, como a dor, a miséria, a sexualidade, a paixão, o amor. Quero ser um Cristão que não vive acuado, com medo de tudo, vendo o diabo em toda a parte e querendo amarrá-lo a todo momento: Jesus Cristo o derrotou na cruz, ele é um derrotado, e eu não preciso ficar me preocupando com ele 24 horas por dia.

Quero ser um Cristão que saiba falar de tudo e não apenas de religião, e que tenha, em todas as áreas, discernimento e sabedoria. Quero ser um Cristão que não tenha uma atitude conformista diante do mundo, do tipo: "Ah, Deus quis assim....", mas que eu seja um agente de transformação nas mãos de Deus.

Que a minha diferença não esteja na roupa, mas na essência: coração bom, olhos bons. Quero ser um Cristão que cria os filhos com liberdade, apenas corrigindo-lhes, para que cresçam e desabrochem toda a criatividade que Deus lhes deu. Quero ser um Cristão que vive bem com o seu próximo.

Quero ser reconhecido como um Cristão pelo que eu "sou" e não por aquilo que "não faço". Quero ser um Cristão simpático aos outros, agradável, piedoso, que se entristece com a dor do próximo, mas também se alegra com o seu sucesso (já reparou que as pessoas se solidarizam com nossas derrotas, mas poucos manifestam alegria quando vencemos?).

Não quero ter de falar a todo momento que sou Cristão, para que outros saibam, mas quero viver de tal modo que outros percebam Cristo em mim.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Luxo e luxúria...

Dia desses, já de madrugada, zapeando a TV, deparei-me com uma programação um tanto quanto “inadequada”. Sem querer enrolar os leitores, vou logo avisando que foi uma safadeza só! Eu pensei até em trocar de canal ou desligar a TV, mas quis saber até onde iria parar. Confesso que meus olhos não se desviaram da tela, enquanto as cenas da programação insistiam em propagar (propagandear?) todo aquele sonho de consumo: carros esportivos.

De forma proposital, fiz muita gente pensar num conteúdo leviano. Eu sei e assumo que foi essa minha intenção. Aliás, por incrível que possa parecer, o uso de carros esportivos naquele programa televisivo, foi uma verdadeira “apelação”. De forma explícita e marqueteira, percebi que houve intensa “safadeza” por parte do programa. Relacionar os luxuosos carros a um sonho que pode ser realizado pelo telespectador, desde que “tenha fé”, é uma sacanagem! Desculpe a expressão, mas isso é o que penso.

“Qual é o tamanho do seu sonho?” – foi assim que o apresentador interrompeu a mostra da carreata para milionários, sugerindo que a possibilidade para se obter um dos carros apresentados depende tão somente do “tamanho” do “sonho” do telespectador... Sacanagem, ou pior, luxúria! De acordo com a enciclopédia livre, Wikipédia, a luxúria é o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material.

Prostituição é outro nome para “desejo passional e egoísta”. Logo, a definição do pecado da luxúria envolve a prática da prostituição: relacionamento por interesse. Parafraseando Tiago, relacionamento que envolve a amizade com o mundo diz respeito a um comportamento adúltero. Dessa forma, constato que a relação homem-divino tem se prostituído. Faz até sentido aquele tipo de programação ter ocorrido de madrugada: há prostituição. Sim, porque existem cenas “inadequadas” e explicitamente apelativas. A Univer$al está de sacanagem e, como tem sido noticiado, a Rede Globo vai investir sua denúncia em cima disso! A guerra entre as duas emissoras renderia um outro post. Aqui, registro minha reflexão entorno de uma espiritualidade pura. Oro pra que minha espiritualidade não se prostitua. Porque da mesma forma que uma esposa que trai seu marido é chamada de mulher de prostituição, o povo que se desvia de Deus é chamado de prostituto. Ah, sim! Desliguei a TV imediatamente, por causa do horário...

"Contudo, ela ia se tornando cada vez mais promiscua à medida que se recordava dos dias de sua juventude, quando era prostituta no Egito." (Ezequiel 23:19)

terça-feira, 28 de julho de 2009

Sobre motivação: o pulo do gato! [parte III]

Cansado de gente cansada da igreja!

Durante minha caminhada cristã, desde 1993 para ser mais específico, encontrei com todo tipo de crente. Gente que ama e gente que odeia a igreja. Gente que se alegra pelo crescimento dela e gente que se desespera com isso. Gente que acredita na instituição e gente que não acredita. Eu mesmo já tive altos e baixos na fé, já troquei de igreja, de denominação e de “ministério” amais de uma vez. Os motivos foram vários, desde uma questão de geografia até a mais pura e simples incompatibilidade teológica com o(s) pastor(es). Também já tive um tempo (curto) fora da igreja. Sei como se sentem os que saem da igreja.

O que me faz repensar muitas vezes até que ponto essa aparente crise de confiança na instituição que parece ter se popularizado nesta era da internet. Tenho visto nas redes sociais e nos blogs que se multiplicam diariamente muita gente só reclamar da igreja. Alguns apenas repetem o mantra “Jesus não fundou uma igreja”, outros foram profundamente ofendidos/feridos por algo ou alguém dentro de uma igreja e reagiram. De um tempo pra cá surgiram vários livros sobre o assunto, tanto nacionais quanto traduzidos. Lembro dealguns: Igreja? To fora (Ricardo Agreste), Igreja: por que me importar? (Philip Yancey), Igreja? e eu com isso (Ariovaldo Ramos) e mais recente o candidato a best seller “Por que você não quer mais ir à igreja” de Wayne Jacobsen e Dave Coleman.

Sejam os livros, sejam o blogs, todos tem seus argumentos (pró e contra) e certamente bons motivos para estimular seus leitores a irem (ou não) à igreja. Até ai eu entendo e posso concordar. O que eu não entendo é porque vemos tanta gente agir da mesma maneira que os que ele condena agem. Eu explico. Leio textos de pessoas que atacam a instituição igreja com tanta convicção e paixão que acabam mostrando o mesmo tipo de intolerância com quem pensa diferente quanto tem/teriam os membros das igrejas que eles participaram. É uma verdadeira enxurrada de material ridicularizando este ou aquele pregador, esta ou aquela igreja, este ou aquele ministério. Isso me cansa. Esse enfado proclamado aos quatro ventos enfada também! Não quero dizer que não existam pastores maus, ou igrejas que manipulam ou exploram as pessoas. Mas a premissa de fazer disso uma regra é cansativa demais. Parece que ninguém mais presta!

Realmente não vejo sentido em ficar tanto tempo argumento contra algo, se a melhor opção seria sair de trás do computador , da sua zona de conforto e fazer algo de construtivo. Essa era a motivação de Jesus, afinal não vemos no NT ele reclamando o tempo todo do sistema judaico. O Senhor que muitos desses cristãos cansados de igreja dizem seguir mostrou sua insatisfação sim, mas agiu também. Jesus não ficou apenas fazendo piadas dos sacerdotes, nem escreveu textos ridicularizando os rituais e sacrifícios judaicos, tampouco incentivou os judeus sérios a simplesmente pararem de ir ao Templo. Da mesma maneira, os reformadores foram o que o nome indica, pessoas que buscaram reformar o que estava errado. Protestante no sentido de protestar contra o que estava ruim, errado, distorcido. Quando não conseguiram o que queriam, fundaram sua própria igreja. Sim, isso causou alguns problemas (e às vezes causa até hoje). Mas ao menos foi uma atitude coerente com o que pensavam.

Hoje em dia parece que é muito mais fácil ficar em casa apontando o dedo pros erros alheios. É fácil criticar todos os pastores e todas as igrejas como se fossem tudo a mesma coisa. Não sou cego aos problemas da igreja evangélica brasileira, nem penso que o cristão sincero não pode pensar. O que me cansa nisso tudo é ver que existem tantos ministérios sérios por aí, tantos missionários que dão sua vida pelo evangelho, tanta gente que só quer anunciar a salvação e viver pra Deus. Esse em geral eu não vejo eles escreverem nada, estão ocupados demais trabalhando em prol do Reino.

A maioria do pessoal que se diz cansado (ou livre) de igreja no fundo se acha melhor que nós, “os pobres coitados” que ainda acreditam que a Bíblia ensina que existe um corpo de Cristo e que esse corpo deve se reunir, algo instituído por Deus para que o evangelho seja anunciado. Gostaria realmente de saber até aonde vai o compromisso desse pessoal que se vangloria de estar cansado e de ter se libertado da instituição. Quantas pessoas eles levaram a Jesus no último ano? Quanto investiram do seu bolso na propagação do evangelho? Quanto tempo passaram orando por mudanças na sua própria vida? Orando pelos líderes que eles gostam de atacar? Uma resposta honesta seria bem-vinda. Acho que surpreenderia a muitos.

Poderia citar aqui muitos versículos para defender a igreja, mas não preciso fazer isso. Qualquer um que leia com honestidade o NT sabe como a igreja é retratada em suas páginas. Mas realmente estou cansado desse pessoal tentar fazer com que outros abandonem os bancos das igrejas. Já estive em igrejas em quatro continentes. Ela segue existindo, quer eles queriam quer não queiram. Por mais que se acuse e se ataque, tem dois mil anos que ela anda por ai e pelo que sei só terminará com a volta de Cristo.

Termino com um pedido e um lembrete. Pedido: Sua igreja está ruim? Faça sua parte para melhorá-la. Não deu, não quer? Abra sua própria igreja (não conheço outro termo bíblico para reunião de cristãos, sorry)! Aproveite essa disposição e inteligência que Deus te deu para ajudar outros a conhecer o caminho para Deus. E o lembrete? Meus caros irmãos cansados da igreja, Lucas 6:42 também vale para você “Como poderás dizer a teu irmão: Deixa, irmão, que eu tire o argueiro do teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.”

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Guidom - Crombie

Eu sigo certo na contra-mão
Do meu desejo equivocado
Passei no meio da confusão
Andando sempre orientado
Eu não pedalo sozinho, não
Quem foi que disse que eu controlo meu guidom?
Quem me guia é quem me fez
E eu vivo um dia de cada vez
Que é pra eu não me perder
Nem me equivocar no meu querer
Quem me guia é quem me fez
E eu vivo um dia de cada vez
Deixo pra trás
A vontade de desistir
Trago comigo
A esperança no porvir
E a força pra prosseguir

Composição: Paulo Nazareth

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Contingência e o vôo 447



O mundo está em choque. De novo a contingência mostra sua cara na tragédia do vôo da Air France. Vale lembrar: contingência significa que os acontecimentos não são sempre necessários. Quando ocorre alguma coisa sem uma razão que a explique ou justifique. Contingência gera imprevisto; fatos que escapam à engrenagem da causa e do efeito. Um avião cai porque o mundo é contingente, não porque tenha sido vítima do destino ou de um plano de Deus.

Diz-se no senso comum que as pessoas só morrem quando chega a hora. Caso isso fosse verdadeiro, o destino reuniu em uma aeronave as pessoas que deveriam morrer naquele dia. Isso daria à fatalidade um poder apavorante. Impossível pensar que gente de mais de trinta países entrou no vôo 447 sem saber que obedecia a uma força cega, que determinava aquele como o último dia de suas vidas.

Igualmente, acreditar que Deus permite a queda do avião porque tem algum propósito, soa esquisito. Cada pessoa, com histórias, projetos, sonhos, foi arrancada da existência para que se cumprisse qual objetivo? Um objetivo macro? Isto é, para que a humanidade aprendesse ou se arrependesse? Isso faria com que as biografias fossem descartáveis, desprezíveis. O Divino Oleiro, sem precisar se explicar, afogaria tanta gente para conduzir a macro história para o fim glorioso? Sim? Mesmo que exista esse deus, eu não o quero.

Também, algumas pessoas aceitam que Deus tem um plano para cada morte individual. Verdade, ele é Deus, tem todo o poder e é capaz de reunir, em um só lugar, quem deveria morrer. Mas também é bom. Então todos os passageiros foram eleitos para cumprir qual bem? Satisfaz pensar que o bem de ceifar tantas vidas, mesmo sem nenhum sentido do lado de cá, está garantido na eternidade? (Deus sabe o que faz?!?!) Como explicar tal conceito para pais, filhos e parentes desolados? Todos acorrentados à trágica realidade que lhes roubou de seus queridos.

A idéia de que Deus tem um plano para cada morte se esvazia diante dos números. Um avião caiu, mas o que dizer dos incontáveis acidentes de todos os dias? O que dizer das balas perdidas que aleijam transeuntes? E dos erros médicos ou dos acidentes de trânsito? Recentemente uma senhora de nossa comunidade caiu da laje da casa em construção. Ela fotografava a obra para que a filha ajudasse com as despesas do acabamento. Quebrou a coluna e ficou paraplégica. A última explicação que se poderia dar é que Deus tinha um plano em deixá-la paralítica.

Jesus nunca cogitou o mundo sem contingência. Pelo contrário, não atrelou a queda de uma torre aos desígnios divinos; não disse que a cegueira do homem era consequência causal das ações interiores, dele ou de seus pais; advertiu que os seus discípulos enfrentariam tempestade, aflição e morte.

Contingência é o espaço da liberdade, portanto, da condição humana. Sem contingência nos desumanizaríamos. A consciência do risco de adoecer e da imprevisibilidade da morte súbita é o preço que pagamos por nossa humanidade.

O desastre do avião mostra a inutilidade de pensar que o exercício correto da religião e a capacidade tecnológica mais excelente sejam suficientes para anular a contingência. Nossa vida é imprecisa e efêmera. Portanto, vivamos intensamente. Cada instante pode ser o último – Carpe Diem!

Soli Deo Gloria

sábado, 23 de maio de 2009

Tá na palma da mão!

Sabe aquelas lembranças super agradáveis que te dão vontade de voltar no tempo? A primeira pedalada de bicicleta que te fazia pensar em viajar por todo o mundo. O abraço apertado de quem já não está com você. As brincadeiras de criança que você levava super a sério. Seu primeiro vídeo game, naquela “versão Atari” (lembro da quase supermariolatria do Nintendo 64!). Sua formatura do jardim de infância que te fazia sentir um formando de medicina, diante de tantos flashes. Pois bem... Inúmeras são as boas lembranças, não é verdade?

Hoje, a lembrança que mais bateu à porta de minha memória foi a dedicação de mamãe em se mostrar presente sempre (até mesmo quando ela não estava fisicamente próxima de mim). Sei que muitos dirão isso, mas a minha mãe é a melhor mãe do mundo! Engraçada, charmosa, expert em bolo de chocolate, pequenina, sábia, conselheira... Qualidades de montão! Sim, papai também é gente boa. Um dia, dedico um post ao meu velho...

De todas as lembranças que tenho da minha mãe, a que mais me encanta se refere a sua sensibilidade. Quando, por algum motivo, ela não conseguia me acordar com seu sorriso e saudação de bom dia, deixava a marca de seu beijo na minha mão. Ah! Você sabe, né? Nos anos 80/início dos 90, o batom era um bom carimbo... Ou você não assistia ao Xou da Xuxa? Carinhosa e sabiamente, minha mãe soube usar deste carimbo muito bem pra me dizer: “Estive aqui e te beijei. Não se preocupe. Mamãe já volta.” Assim, te pergunto: tem algo mais pessoal e próximo da vista que as mãos? Não é à toa que muita gente, na falta de um bloco de notas, agenda ou simples folha de papel, escreve na(s) mão(s).

Curiosamente, relacionei os cravos que feriram as mãos de Cristo na cruz do madeiro como marcas/carimbos de seu amor por mim. Quando abri meu coração a Cristo, confessando a Ele o meu pecado, me tornei Seu filho. E sabe o que Ele fez? Gravou o meu nome em Suas mãos. Tem como Ele me esquecer? De forma alguma! Tá na palma da mão! Aleluia! Graças a Deus!

Haverá mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que gerou? Embora ela possa esquecê-lo, eu não me esquecerei de você! Veja, eu gravei você nas palmas das minhas mãos; seus muros estão sempre diante de mim.” (Isaías 49:15-16)

sábado, 16 de maio de 2009

Cruz Credo! [parte II]


Não acredito em treinamentos evangelísticos pra impactar gente, se não há comprometimento em conhecer essa gente. Creio que preciso cair na graça do povo.

Não acredito em congressos de avivamento espiritual, se não há mudança de mente e coração. Creio na metanoia.

Não acredito que vamos alcançar o mundo pra Cristo com nossas marchas, panfletagens, gritarias que incomodam a vizinhança próxima da igreja... Creio que é o Espírito quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo.

Não acredito em liderança relacionada à idéia de “último topo da montanha”: quantidade de membros/seguidores, participação de “palestras sobre liderança”, títulos... Creio que liderar é servir: mordomia.

Não acredito no cristianismo das irmãs de oração que passam mais tempo na igreja do que batendo um papo com seus filhos (alguns, afastados do evangelho). Creio que o ativismo religioso é uma fuga [1].

Não acredito em crentes que projetam templos faraônicos, ao mesmo tempo em que há gente passando fome nos arredores. Creio numa igreja relevante às necessidades sociais de sua “Jerusalém”: solidariedade.

Não acredito que títulos qualifiquem alguém como espiritual. Assumir vários cargos pode ser uma desculpa para não estar em família, por exemplo. Creio que o ativismo religioso é uma fuga [2].

Não acredito que profissão seja o inverso de missão. Creio na missão integral.

Não acredito no “mais novo método de evangelização”. Creio que minha vida é o melhor método para levar alguém a Cristo: discipulado.

Não acredito que tenho a obrigação de pagar cachê pra ministro bacana. Creio na oferta voluntária.

Não acredito na teologia da prosperidade. Creio que a Graça de Deus é o suficiente.

Não acredito nos livros/blogs de auto-ajuda, com todas as suas boas intenções. Creio na comunhão entre os crentes: mutualidade.

Não acredito na oração como varinha de condão ou lâmpada mágica do Aladim. Creio na soberania de Deus.

Não acredito em pessoas perfeitas. Creio que exista gente (inclusive a minha pessoa) sendo aperfeiçoada: santificação.

Não acredito na religião: faça isso, não faça aquilo... Creio que cristianismo é estilo de vida.

Não acredito em Papai Noel. Creio em Papai do Céu.

Agora, como diz o meu avô paterno:
- Quer me enganar? Então, me dá uma bala Juquinha...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Integral ou desnatado? [parte II]


Um dos grandes desafios da igreja cristã (pós) moderna é compreender sua vocação missionária. Lembro de meus tempos de garoto, na “escolinha dominical”. Desde pequeno, ouço falar de meu compromisso de compartilhar Jesus. Hoje, aos 22 anos de idade, me lembrei de um corinho infantil da época em que não existia a “dança do pingüim”: Eu vou crescer, eu vou crescer.../Crescer, crescer, crescer... /Crescer para Jesus./E quando eu estiver desse tamanho assim (hora de dar um pulo daqueles!),/eu quero trabalhar pra meu Jesus, sem fim! (“Tra-la-la...”)

Saudosismos à parte, estive pensando na possibilidade "desnatada" de se interpretar os versos finais dessa inocente canção: “E quando eu estiver desse tamanho assim,/eu quero trabalhar pra meu Jesus, sem fim!”. Sem nos darmos conta, corremos o risco de passarmos uma idéia errada do cristianismo as nossas crianças – como se não bastasse a compreensão distorcida da missão cristã por parte de alguns adultos... O que é “trabalhar pra meu Jesus, sem fim!”? O cristianismo do tipo desbravador, cruzadista, no estilo Indiana Jones? Aquele que o “vocacionado” enxerga Deus um “estraga prazer”? Creio que essa canção deve ser bem compreendida, pra que entendamos – finalmente – o que se tem nomeado de missão integral.

Antes mesmo de Ariovaldo Ramos, Francisco de Assis foi uma das pessoas que explicou o que é missão integral: “Pregue o Evangelho em todo tempo. Se necessário, use palavras.” Percebemos, através dessa máxima franciscana, que pregar o evangelho não exige “palavras bonitas” – muito menos ensaiadas! (I Cor. 2.4) Pregar o evangelho não exige diploma de teologia. Pregar o evangelho não exige ser pastor de igreja. Pregar o evangelho não exige nível superior. Pregar o evangelho não exige ser “gente grande”! Pregar o evangelho exige viver o evangelho, na dependência de Deus – tal como uma criança depende de seu pai, diga-se de passagem. Não pretendo bancar o polêmico, procurando agulha no palheiro, através da análise do antigo corinho. De forma alguma! No entanto, se me permite, gostaria de sugerir uma importante reforma no último verso da musiquinha. Ainda que a métrica fique ruim, para o bem da missão (que também é infantil), sugiro: “E quando eu estiver desse tamanho assim,/eu quero continuar trabalhando pra meu Jesus, sem fim!”

Lembro de outro corinho infantil que – graças a Deus! – não precisa de reforma, pois sua letra expressa muito bem a integralidade da missão:

Posso ser um missionariozinho,
Se falar de Cristo ao companheirinho;
Posso trabalhar em minha terra

Manda-me, pois, Senhor!

Não preciso atravessar os mares
Para dar aos outros novas salutares;
Posso fornecer sustento aos outros

Que meu Senhor mandou.

Hei de orar e trabalhar fielmente;
Caso Deus me chame seguirei contente
Para os campos que vão branquejando

Dispõe de mim, Senhor.

Posso ser um missionariozinho (Harold Deal/Henry Dekoven Bartells)

terça-feira, 5 de maio de 2009

Max Weber e a xerox, na repartição.


"O que você vai ser quando crescer?". Quando era criança, respondia: jogador de futebol... Quando virei um rapazinho, assistindo ao Plantão Médico - seriado que passava na Globo, aos domingos -, respondia: médico (do tipo aventureiro, sabe?)... Quando era adolescente, queria impactar o mundo; por isso, respondia: ajudar as pessoas. A verdade é que pra ajudar as pessoas, a gente não precisa ser "doutor". Descobri que eu queria estudar a história da sociedade; a partir daí, analisar as relações/interações sociais ao longo do tempo, através da cultura dos povos. Bem... essa foi uma tentativa de explicar a razão de ter escolhido cursar Ciências Sociais. A verdade é que até hoje vou achando outras explicações... Sou feliz! Ciências Sociais é um curso que me faz aplicar o que estudo em sala de aula no meu cotidiano.

A sociologia, uma das ramificações das Ciências Sociais, apresenta diferentes "pontos de vista" acerca da presença dos indivíduos em sociedade. Com vocês, os três porquinhos da sociologia: Durkheim, Marx e Weber. Para Durkheim, os indivíduos são como um organismo: para seu bom funcionamento, devem prezar pela solidariedade, a fim de que o "corpo social" não adoeça (anomia). Marx - o mais revoltado de todos - denuncia uma desigualdade econômica entre os indivíduos: uns comem caviar e outros, o que vier. Impossível haver uma "solidariedade", enquanto os meios de produção não forem compartilhados. Abre parêntesis. Direitos Humanos só existe na faculdade de Direito... Fecha parêntesis. O que dizer do pensamento dominante? Segundo Marx, as condições materiais determinam as formas de pensar. No entanto, outro pensador surge em cena, criticando a visão dogmática marxista acerca do imaginário humano. Surge Max Weber (palmas pra ele!). Com uma proposta de considerar a realidade plural, inapreensível, dinâmica... Weber postula que os indivíduos devem ser compreendidos por seus significados partilhados. A retórica marxista de dominados versus dominadores recebe uma baita crítica no clássico "Ética protestante e o espírito do capitalismo". Como criticar o serviço numa categoria que o relaciona como elemento que dignifica o homem?

Weber é um camarada bastante utilizado pela Antropologia, bem como outras disciplinas que buscam entender a diversidade cultural. Atualíssimo, me faz entender o comportamento "cordial" dos brasileirinhos. Nosso "jeitinho" foi (profeticamente) estudado pelo teórico, quando destacou as características do patrimonialismo. O embaralhamento das esferas pública e privada se apresenta como elemento constitutivo de nossa identidade nacional (quer você queira ou não, caro leitor) - como destaca Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil. A gente corre o risco de achar que tudo é o quintal de nossa casa. Os exemplos mais lembrados se referem aos engravatados de Brasília, quando desviam dinheiro público para suas polpudas contas bancárias (privadas). Mas, antes de pensar nos outros, por que não penso em meu patrimonialismo de cada dia? Um estágiário que imprime um documento no ambiente de trabalho está exercendo um comportamento patrimonialista? E se for estudante de Ciências Sociais e leitor de Weber? Muito prazer. Dia desses, após imprimir um documento, onde faço estágio, me dei conta disso (com o papel ofício em mão). Sem representar um falso moralismo (os filmes da Sessão da Tarde já fazem isso muito bem, obrigado!), te convido a refletir comigo. "Isto aqui, ô ô, é um pouquinho de Brasil, iá iá!"

domingo, 26 de abril de 2009

Blues da piedade [oração de Cazuza]

Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas
Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm
Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia
Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça
Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim?

Crônica sobre a Páscoa - por Luiz Fernando Veríssimo.


-Papai, o que é Páscoa?

-Ora, Páscoa é... Bem... É uma festa religiosa!

-Igual ao Natal?

-É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.

-Ressurreição?

-É, ressurreição. Marta, vem cá!

-Sim?

-Explica pra esse garoto o que é ressurreição pra eu poder ler o meu jornal.

-Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendeu?

-Mais ou menos... Mamãe, Jesus era um coelho?

-O que é isso menino? Não me fale uma bobagem dessas! Coelho! Jesus Cristo é o Papai do Céu! Nem parece que esse menino foi batizado! Jorge, esse menino não pode crescer desse jeito, sem ir numa missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensou se ele solta uma besteira dessas na escola? Deus me perdoe! Amanhã mesmo vou matricular esse moleque no catecismo!

-Mamãe, mas o Papai do Céu não é Deus?

-É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Você vai estudar isso no catecismo. É a Trindade.Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.

-O Espírito Santo também é Deus?

-É sim.

-E Minas Gerais?

-Sacrilégio!!!

-É por isso que a ilha de Trindade fica perto do Espírito Santo?

-Não é o Estado do Espírito Santo que compõe a Trindade, meu filho, é o Espírito Santo de Deus. É um negócio meio complicado, nem a mamãe entende direito. Mas se você perguntar no catecismo a professora explica tudinho!

-Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?

-Eu sei lá ! É uma tradição. É igual a Papai Noel, só que ao invés de presente ele traz ovinhos.-Coelho bota ovo?

-Chega! Deixa eu ir fazer o almoço que eu ganho mais!

- Papai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?

-Era... era melhor,sim... ou então urubu.

-Papai, Jesus nasceu no dia 25 de dezembro, né?

-Que dia ele morreu?

-Isso eu sei: na Sexta-feira Santa.

-Que dia e que mês?

- (???) Sabe que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na Sexta-feira Santa e ressuscitou três dias depois, no Sábado de Aleluia.

-Um dia depois!

-Não três dias depois.

-Então morreu na Quarta-feira.

-Não, morreu na Sexta-feira Santa... ou terá sido na Quarta-feira de Cinzas? Ah, garoto, vê se não me confunde! Morreu na Sexta mesmo e ressuscitou no sábado, três dias depois! Como?Pergunte à sua professora de catecismo!

-Papai, porque amarraram um monte de bonecos de pano lá na rua?

-É que hoje é Sábado de Aleluia, e o pessoal vai fazer a malhação do Judas. Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.

-O Judas traiu Jesus no Sábado?

-Claro que não! Se Jesus morreu na Sexta!!!

-Então por que eles não malham o Judas no dia certo?

-Ui...

-Papai, qual era o sobrenome de Jesus?

-Cristo. Jesus Cristo.

-Só?

-Que eu saiba sim, por quê?

-Não sei não, mas tenho um palpite de que o nome dele era Jesus Cristo Coelho. Só assim esse negócio de coelho da Páscoa faz sentido, não acha?

-Ai coitada!

-Coitada de quem?

-Da sua professora de catecismo!

domingo, 5 de abril de 2009

Saudade do Egito?

Keith Green, nosso profeta-poeta, conseguia denunciar a secularização da igreja, reunindo versos bastante humorados, sem perder a missão de transformar o mundo com a Graça de Deus. Precursor da ‘adoração extravagante’ – o que pouco importaria pra ele saber disso –, Keith Green faz parte do grupo de cantores que me edificam através de suas composições. ‘So you wanna go back to Egypt’ é uma denúncia à Igreja que insiste em viver um cristianismo do tipo Disneylândia.


¬Então você quer voltar para o Egito

Onde é quente e seguro

Tem pena de ter comprado o bilhete de vez

Quando pensou estar certo disso?

¬Você queria viver na terra da promessa

Mas agora está ficando tão difícil

Você se entristece em estar aqui no deserto

Em vez de estar no seu próprio quintal?

¬Comer cebolas e alhos franceses pelo Nilo

Ooh, que hálito! Mas jantar fora em grande estilo

Oh, minha vida sobre as rodas, um dia ter minhas pirâmides

¬Bem, não há nada a fazer

Mas viajamos e temos certeza de que viajamos um bocado

Porque é difícil manter os pés em movimento

Quando a areia é tão quente

¬E, na parte da manhã, é bolo quente de maná

Nós lanchamos maná todos os dias

E eles tinham certeza de que havia um camarada ontem à noite para jantar

Com ‘souflle’ de maná flambado

¬Bem, uma vez nos queixamos de algo novo para arrebentar

A terra se abriu e teve alguns de nós para o almoço

Os tais fogo e fumaça

Deus não pode sequer ter uma brincadeira, né? (Não)

¬Então você quer voltar para o Egito

Onde velhos amigos esperam por você

Você pode preparar uma grande festa e dizer a toda galera

Que o que dizem foi tudo verdade

¬E esses atos de Moisés como o "cara"

Quem ele pensa que é?

É verdade que Deus trabalha porções de milagres

Mas Moisés acha que eles são todos os seus

¬Bem, eu estou tendo tantos problemas até agora

Por que ele teve de ficar tão irado por causa da vaca, aquela vaca dourada?

Moisés se sente bastante ocioso, ele só fica escrevendo

Ele apenas se senta e escreve a Bíblia

¬Ah, Moisés, guarde a caneta

O quê? Oh, não! Maná outra vez?

Oh, waffles de maná, hambúrgueres de maná

Pão de maná , filé de maná

Festas do maná, bolo de bamanná.

domingo, 29 de março de 2009

"A gente somos inútil!" [parte III]

Uma conhecida oração... Uma inútil petição!


Senhor! Fazei de mim um instrumento da vossa paz.

Onde houver ódio, que eu leve o amor.


Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.

Onde houver discórdia, que eu leve a união.

Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.

Onde houver erro, que eu leve a verdade.

Onde houver desespero, que eu leve a esperança.

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.

Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais:

consolar, que ser consolado;

compreender, que ser compreendido;

amar, que ser amado.

Pois é dando que se recebe.

É perdoando que se é perdoado.

E é morrendo que se vive para a vida eterna
.

sábado, 21 de março de 2009

Por que Davi não foi Saul II?

Inspirado no livro “Perfil de Três Reis” (Gene Edwards).

Doze regras para a formação de um ditador, enquanto o caráter de um líder é forjado.


1) Junte um grupo de bajuladores. Você precisará de pessoas que te dêem razão sempre, até quando estiver errado. Aliás, você não poderá ser contrariado em momento algum.

2) Seja uma pessoa carismática. Mas, nem tanto, por favor. Poderosos usam mais a força que o sorriso.

3) Não passe de uma semana sem dar umas broncas, de vez em quando. É preciso que fique bem claro quem é que manda: você, sempre.

4) Esse papo de compreender o outro lado é para os fracos. Compreensão é para medíocres. Lembre-se: você tem sempre a razão.

5) Foi contrariado? Procure imediatamente seu grupo de bajuladores. Eles te aconselharão a tomar uma providência o mais rápido possível. Não é bom para a sua reputação ser contrariado.

6) Faça boas ações (sacrifícios), mesmo sem ter um bom motivo. O que você precisa é impressionar as pessoas.

7) Quando cismar com alguém, vá em frente. Persiga! Afinal de contas: “Espelho, espelho meu. Não existe ninguém mais poderoso que eu!”.

8) Divulgue suas idéias. As pessoas precisam se identificar com você. Mas, olhe lá, hein! Não permita que elas confundam isso com “troca de idéias”. Lembre-se: você tem sempre a razão.

9) Você tem sempre a razão.

10) Nunca, nunca volte atrás. Mesmo que você conclua que falhou, não é bom para um ditador pedir perdão. Caso seja taxado de “cabeça-dura”, você já sabe: procure seu grupo de bajuladores.

11) Você pode até não decorar isso tudo. Basta se lembrar que você tem sempre a razão.

12) Todas as pessoas que não estão de acordo com as Regras acima expostas não fazem parte do seu grupo de bajuladores. De olho nelas! Por outro lado, no meio dessa gente, existe um grupo (pequeno) de loucos “segundo o coração de Deus”. Caso uma rebelião seja feita para te destituir, pode ter certeza de que eles não estarão envolvidos. Mesmo te achando um líder insano, não se vingarão de você. Por incrível que pareça, eles intercedem por você. Tem doido pra tudo, não é mesmo? Mas, não se deixe levar. Você tem sempre a razão.

Enquanto isso...

"- Prefiro que ele me mate a aprender os seus caminhos. Prefiro morrer a vir a ser como ele. Não seguirei a estrada que leva os reis à loucura. Não atirarei lanças, nem permitirei que o ódio se aninhe no meu coração. Nem me vingarei. Nem agora nem nunca!

Joabe não conseguiu entender uma resposta tão sem sentido e se afastou para dentro da escuridão. Naquela noite, os homens foram dormir sobre pedras úmidas e frias, e comentavam a perspectiva estranha e masoquista do seu líder acerca de relacionamentos com reis, principalmente com reis loucos.

Os anjos também foram para a cama naquela noite e sonharam, no reflexo do esplendor daquele dia tão excepcional, que Deus ainda poderia dar a sua autoridade a um vaso digno de confiança." (Gene Edwards)

segunda-feira, 16 de março de 2009

A Crise Mundial [parte II]

Não se iluda! Barack Obama não é “o cara”! Eu sei, eu sei... Ele é carismático e, sobretudo, negro! (um marco e tanto para um mundo que ainda é racista). No entanto, ele não é o Messias. Obama não é a solução da lavoura. A situação não vai mudar. Qualquer "mudança" será sujeira por debaixo do tapete. Não quero ser o estraga prazer. Definitivamente, a crise mundial não vai acabar através do governo Obama. Pessimista, eu? Pelo contrário, tenho muita esperança e torço pelo presidente dos ianques. Mas a crise não é econômica! Pronto. Falei. Sei que muitos economistas (sobretudo, materialistas) devem estar fazendo careta por ter lido isso. Abre parêntesis. Caso este blog seja acompanhado por economistas... Fecha parêntesis. Analistas de todo o mundo dizem que estamos diante de uma das maiores crises econômicas já vivenciadas. Eu, porém, afirmo o seguinte: a crise é grande, mas não é econômica.

Pois bem, tempo de crise é uma ótima oportunidade de você colocar sua fé em prática. Ou você só tem fé no que está a um palmo de distância de seu lindo rosto? Vou me apresentar: não sou economista. Estou cursando Ciências Sociais (isso mesmo! Ainda sou um graduando...). Logo, falar de crise econômica não é o meu forte. A vantagem é que você não lerá um post repleto de economês. De qualquer forma, como supracitado, a crise não é econômica. É crise de pertencimento. Isso mesmo! Como um filho que acaba de receber a notícia de que o Papai Noel não existe, é provável que muitos relutem quanto ao que acabo de afirmar. Eu sei, eu sei... É difícil admitir isso! Vou repetir mais uma vez: A crise mundial não é econômica. É crise de pertencimento, crise existencial... E como um pai que abraça seu filho, digo aos relutantes: “Acredite! Foi para o seu bem. Você precisava saber disso”.


Estou ciente de que muitos podem discordar e continuar repetindo (como um papagaio) que a crise mundial é econômica. Afinal de contas, o “casal JN” trata a crise dessa forma... A propósito, já te disseram que o coelhinho da páscoa não existe? Ele também não bota ovos (muito menos de chocolate). Alguns podem afirmar que estou restringindo uma crise de impacto global a uma perspectiva existencialista. Mas será que não são os questionamentos existenciais com que, no final das contas, todo homem vai se esbarrar? Aliás, “quem sou eu” é um questionamento que extrapola o perfil do Orkut. Isso é pré-socrático, minha gente! A questão “ontológica” tirou o sono de Parmênides, Heráclito e até hoje faz os cientistas de todo o mundo se debruçarem sobre a pergunta “existencialista”: quem sou eu? A crise mundial virou o bicho-papão da vez. Isso nos faz notar (se você ainda não se deu conta disso) o quanto somos vulneráveis. Sim, em tempo de crise, somos vulneráveis. “Tudo o que era estável e sólido se desmancha no ar.” - Karl Marx. Angustiante essa frase, não é mesmo? Mas, será que não existe um porto seguro nessa “modernidade líquida”? (fazendo uma média com Bauman). Afinal, qual é o sentido da vida?


In God we trust” (“Em Deus, nós confiamos”): frase presente na nota de dólar. Irônico, não é mesmo? A resposta que deixou muito pré-socrático com a pulga atrás da orelha, a solução para a crise que o mundo atravessa se encontra numa nota de dólar (e não na nota em si!). Confiança em Deus! Ainda que Obama e seus ministros acabem com a crise econômica, a crise mundial persistirá: crise de pertencimento. Contra essa crise, não há pacote econômico que resolva. Resta saber em que(m) o homem depositará sua confiança: “in God” ou “in money”? E você ainda acha que a crise mundial é econômica?! Não se iluda!

"Alguns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós confiamos no nome do Senhor, o nosso Deus." (Salmo 20:7)

sexta-feira, 13 de março de 2009

A Crise Mundial

"O tempo passa... O tempo voa... E a Poupança Bamerindus continua numa boa! É a Poupança Bamerindus!"

Uma das musiquinhas clássicas de nossos comerciais tupiniquins, não é mesmo? Quem não se lembra desse jingle dos anos 80 e 90? Clássico! Mas, cá entre nós, por onde anda a Poupança Bamerindus? Sim, o tempo passa muito rápido! Porém, a poupança Bamerindus não continua numa boa!


"Tudo o que não é eterno é eternamente inútil." (C.S. Lewis)

domingo, 8 de março de 2009

DR. JEKYLL & MR. HYDE

Dia desses, passei pela Biblioteca Municipal. Gosto de frequentar bibliotecas. Às vezes, deixam-se livros na entrada, pra incentivar o povo a ler. Achei um livro que já estava pra ler faz um tempo, desde que soube que a jurássica banda de rock cristã - Petra - tinha gravado um CD que fazia menção a este clássico da literatura mundial: Dr. Jekyll & Mr. Hyde (R. L. STEVENSON). Ah, sim! "O médico e o monstro" faz parte da galeria de filmes na linha trash. Depois que vi o clip de outra banda jurássica - Resgate - sobre a tal estória, fiquei com mais vontade ainda de ler o livro. Pra quem desconhece a estória, trata-se de um respeitado doutor de Londres que busca provar que o homem não é totalmente bom, tampouco totalmente mau. Temos duas naturezas, cabendo a nós ter o domínio sobre elas. Pois bem... Não é o meu forte fazer sinopses. Melhor você ler o livro. Leitura recomendadíssima! Uma pergunta: Você controla o Mr. Hyde que há em você? Deixa o monstro livre, leve e solto? Cuidado, Dr. Jekyll! Nessa experiência, a cobaia é você!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Sobre motivação: o pulo do gato! [parte II]



A Absoluta Importância do Motivo
Por Arthur W. Pink

A prova pela qual toda conduta será finalmente julgada é o motivo.

Como a água não pode subir mais alto do que o nível da sua fonte, assim a qualidade moral de um ato nunca pode ser mais elevada do que o motivo que o inspira. Por esta razão, nenhum ato procedente de um motivo mal pode ser bom, ainda que algum bem pareça resultar dele. Toda ação praticada por ira ou despeito, por exemplo, ver-se-á, afinal, que foi praticada em favor do inimigo e contra o reino de Deus.

Infelizmente, a atividade religiosa possui tal natureza, que muito desse tipo de atividade pode ser realizado por motivos maus, como a raiva, a inveja, a ambição, a vaidade e a avareza. Toda atividade desse tipo é essencialmente má e como tal será avaliada no Julgamento. Nesta questão de motivos, como em muitas outras, os fariseus dão-nos exemplos claros. Eles continuam sendo o mais triste fracasso religioso do mundo, não por causa de erro doutrinário, nem porque eram pessoas de vida abertamente dissoluta. Todo o problema deles estava na qualidade dos seus motivos religiosos. Oravam, mas para serem ouvidos pelos homens, e, deste modo, o seu motivo arruinava as suas orações e as tornava inúteis e, realmente, más. Contribuíam para o serviço do templo, porém, às vezes, o faziam para escapar do seu dever para com os seus pais, e isto era um mal, um pecado.

Os fariseus condenavam o pecado e se levantavam contra ele, quando o viam-nos outros, mas o faziam motivados por sua justiça própria e por sua dureza de coração. Isso caracterizava quase tudo o que faziam. Suas atividades eram cercadas por aparência de santidade; e essas mesmas atividades, se fossem realizadas por motivos puros, seriam boas e louváveis. Toda a fraqueza dos fariseus estava na qualidade dos seus motivos. Isto não é uma coisa insignificante — é o que podemos concluir do fato de que aqueles religiosos formais e ortodoxos continuaram em sua cegueira, até que finalmente crucificaram o Senhor da glória, sem qualquer noção da gravidade do seu crime.

Atos religiosos praticados por motivos vis são duplamente maus — maus em si mesmos e maus porque são praticados em nome de Deus. Isto equivale a pecar em nome dAquele Ser que é impecável, a mentir em nome dAquele que não pode mentir e a odiar em nome dAquele cuja natureza é amor. Os crentes, especialmente os muito ativos, freqüentemente devem separar tempo para sondar a sua alma, a fim de certificarem-se dos seus motivos. Muito solo é cantado para exibição; muitos sermões são pregados para mostrar talento; muitas igrejas são fundadas como um insulto contra outra igreja. Mesmo a atividade missionária pode tornar-se competitiva, e a conquista de almas pode degenerar, tornando-se uma espécie de marketing eclesiástico, para satisfazer a carne. Não esqueçam: os fariseus eram grandes missionários, e rodeavam o mar e a terra para fazer um converso.

Um bom modo de evitar a armadilha da atividade religiosa vazia é comparecer diante de Deus, sempre que possível, com a nossa Bíblia aberta em I Coríntios 13. Esta passagem, embora seja considerada uma das mais belas da Bíblia, é também uma das mais severas dentre as que se acham nas Escrituras Sagradas. O apóstolo toma o serviço religioso mais elevado e o consigna à futilidade, se não for motivado pelo amor. Sem amor, profetas, mestres, oradores, filantropos e mártires são despedidos sem recompensas.

Resumindo, podemos dizer que, aos olhos de Deus, somos julgados não tanto pelo que fazemos e sim por nossos motivos para fazê-lo. Não “o quê” mas “por quê” será a pergunta importante que ouviremos, quando nós, crentes, comparecermos no tribunal, a fim de prestarmos contas dos atos praticados enquanto estávamos no corpo.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Madonna está com Jesus, o outro!


"Madonna, a rainha do pop, conheceu Jesus enquanto realizava sua turnê aqui no Brasil. Madonna está apaixonada por Jesus." Frases como essa têm chamado minha atenção. A pop star Madonna (50 anos) está tendo um caso (o que os famosos chamam de "affair") com o modelo Jesus (22 anos). E a imprensa - que não perde tempo pra nada, não é verdade? - descobriu que o rapaz tem origem evangélica! A origem cristã do rapaz, seu nome e caso com a estrela do pop dão pra blogar alguma coisa interessante.

Religiosa (mas quem não é?), simpatizante da Cabala, polêmica, ativista, sensual, cinqüentona (a nova ortografia retirou o trema, mas eu não!)... Surpreendente! Há quem diga que estar perto de gente assim é o segredo do sucesso! O rapaz segurou essa grande oportunidade: muito mais que amigo, tornou-se (o mais novo) namorado da musa. "Rapaz de sorte!" - diriam aqueles que querem porque querem virar uma celebridade.

E que "sorte"! O modelo Jesus está "abusando" da teoria dos 15 minutos, de que cada um de nós terá a oportunidade de ter seus 15 minutos de fama/reconhecimento. Sua mãe é evangélica... Ah! Você sabe, né? Filho de peixe, peixinho é. Mas, filho de crente... Nem sempre crentinho é! Não torço pelo fim do namoro pop. Mas, fico a pensar no coração humano (mesmo sem ser cardiologista). Coração que bate por afeto, atenção, carinho... Para contrariar os "românticos", discordo que o verbo amar se refere a um sentimento. Não! Pra mim, amar é mais que isso: é um comportamento.

Fico a pensar nesses relacionamentos (se é que os posso chamá-los de re-la-ci-o-na-men-tos) que são frutos de um sentimento e nada mais. Creio que há uma compreensão errada do que é amar. Quando a bíblia diz que devo amar o meu próximo como a mim mesmo, não está simplesmente constatando que me amo e devo amar o meu próximo. Não, isso seria algo muito superficial pra um livro que trata de questões tão profundas como a bíblia! Da mesma forma, quando as Escrituras dizem que devo amar meu inimigo, ela não está querendo acabar com meu senso crítico e tornar-me um masoquista. Pelo contrário, ela me ensina que amar é usar a razão e não depender de um sentimento. Porque o sentimento pode variar "na véspera", de acordo com as "condições naturais de temperatura e pressão" (CNTP). Comportamento, no entanto, é uma decisão, escolha racional: amo e pronto.

Temos mais facilidade em perdoar a nós mesmos do que a quem nos feriu, não é verdade? Isso porque insistimos que amar é um sentimento e não uma decisão. Pensando assim, não compreendemos que amar é "ágape" (o mesmo verbo utilizado por Paulo, o apóstolo dos gentios, em I Coríntios 13). Vale lembrar que, quando o "perito da lei" pergunta a Jesus (o Cristo) quem é o seu próximo, Cristo não responde prontamente cheio de detalhes as características do "próximo". Antes, apresenta a parábola do bom samaritano - para o desgosto dos religiosos que sentiam nojo do povo de Samaria, Jesus (o Cristo) demonstra que o samaritano amou o próximo.

Certamente, quando o sentimento ("fogo") do "casal pop" diminuir, a escolha de continuar junto ou não se apresentará. Nesse balaio todo, lembro de como iniciei meu relacionamento com Deus. Outra vez, para contrariar os "românticos", não tive nenhuma sensação diferente; nem por isso, duvido de minha conversão. Tive um encontro com Jesus (o Cristo) pela fé, fruto de Sua graça! Preciso admitir que durante minha caminhada com Jesus (o Cristo) sou tentado a trocar a fé por uns arrepios... Às vezes, até sinto uma atmosfera diferente, mas não posso - nem quero - ser refém de um sentimento.

Pois então... Madonna está com Jesus, o outro. Seu encontro se deu no Brasil, durante a "STICKY & SWEET TOUR" (nome de sua turnê). Oro pra que ela se econtre com Jesus, o Cristo. Esse, sim, é o modelo a ser seguido. Não o de braços fortes, peitoral definido, barriga enxuta e sensações (temporárias) de prazer... Mas, o de caráter transformado e que proporciona prazer em todas as circunstâncias. Isso se chama graça! Jesus, o modelo de vida! Porque amor é decisão, renúncia, cuidado, serviço, doação. Amor é um princípio! Amor é uma pessoa: Deus é amor. Amar é um verbo de ação e não de estado, ou melhor, é o Verbo que se fez pessoa: Jesus Cristo. E nossos relacionamentos? São baseados em qual modelo? O Jesus "ágape" (o Cristo) ou o Jesus "sentimental" (o outro)?

"Quando ele me chamou/ Não fez promessas/ Humanamente convincentes/ Nada que me enchesse os olhos/ Apenas disse que me faria um pescador/ Mas pescador de peixes eu sou/ E na verdade há muitos outros como eu/ Nós pescamos coisas distintas/ E mesmo que você não sinta /Tua vida algo vai buscar." (Pescador - Grupo Logos)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Por que não se cala?

Artigo legal do Ziel Machado (30/06/2008 - Cristianismo Hoje): A crítica como uma forma de edificar a igreja. Portanto, antes de sair criticando algo que te desagrada, te aconselho a ler este artigo.

A pergunta do rei Juan Carlos de Espanha ao presidente venezuelano Hugo Chávez, na Cúpula Ibero-Americana realizada no Chile, em novembro passado, já foi imortalizada no folclore político. O constrangimento daquela situação chamou minha atenção para a necessidade de se qualificar a crítica quanto a seu conteúdo, sua forma, motivação e momento. Quatro elementos que, quando não são tomados em conta, podem desqualificar até mesmo uma crítica justa.

Fiquei pensando na forma como hoje se critica este segmento da sociedade denominado Igreja Evangélica. Em muitos casos, as críticas públicas que se fazem a ela estão impregnadas de uma visão ingênua sobre a ambigüidade dos projetos e realizações humanas, como se a tarefa de fazer a distinção entre o trigo e o joio fosse algo fácil. Outras vezes, o esforço crítico está impregnado de ressentimento, sem falar em personalidades narcisistas, suportadas por grupos de narcisistas complementares que encarnam o espírito cruzadista moderno.

A alternativa à crítica inadequada não é a ausência de contestação, mas sim, sua qualificação em conteúdo, momento, motivação e forma. O Senhor Jesus nos deu o exemplo. A forma como se dirige às sete igrejas da Ásia, no Apocalipse, oferece-nos uma excelente perspectiva de como reconhecer e afirmar o que é bom; ao mesmo tempo, indica o que deve ser corrigido. É bom lembrar que a descrição da situação de cada uma daquelas comunidades cristãs, e a exposição de seus respectivos problemas, não impediram o Senhor de chamá-las de “minhas igrejas”. A literatura apocalíptica tem por finalidade colocar o momento presente à luz da perspectiva das realidades, ainda não vistas, do futuro, assim como de colocar o momento presente à luz das realidades, não vistas, do presente.

Portanto, aquele que anda no meio de sua Igreja e que conhece suas obras primeiro se apresenta de forma distinta a cada congregação em particular. Em seguida, revela seu conhecimento de cada situação – elogia o que deve ser elogiado e critica o que deve ser criticado; chama ao arrependimento e alerta para as conseqüências dos erros; adverte cada uma e termina com promessas. Fico me perguntando: o que nos quer comunicar o Senhor por meio desta estrutura? Aproximadamente 60 anos após a morte e ressureição de Jesus, sua Igreja enfrentou uma crise cristológica. As comunidades descritas no Apocalipse esqueceram aspectos importantes de seu Senhor e se tornaram parecidas com o que se via no seu entorno social.

Por esta razão, o Senhor decide enviar uma carta aos seus servos, e o faz por meio de seu servo João. Este, exilado na Ilha de Patmos, recebe a revelação – e a partir dali, o Filho de Deus expressa suas impressões sobre diversas congregações, com o conhecimento de quem “conhece suas obras”. Foram críticas mais que legítimas, portanto. Em que contexto nascem as nossas críticas? Será que as mesmas expressam toda a reverência devida àquele que “anda no meio da igreja e conhece as suas obras’? Será que nossa crítica ao Corpo de Cristo hoje pode ser vista como expressão de adoração ao Senhor da Igreja? Será que ela nasce de uma íntima relação com o Senhor ou apenas dos nossos limitados pontos de vista? Como poderíamos depurar nossa crítica através do conhecimento que só aquele que anda no meio de sua Igreja dispõe? Talvez, enquanto não nos seja possível responder de forma adequada a tais indagações diante do Senhor que também conhece nossas obras, o melhor seja considerar a pergunta do rei de Espanha: “Por que não se cala?”


Ziel J.O. Machado é historiador, membro da equipe pastoral da Igreja Metodista Livre Nikkei - Saúde, em São Paulo e professor da Faculdade de Teologia Metodista Livre de São Paulo. É Secretário Regional de IFES (ABU) para América Latina. Casado e pai de três filhos.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Evangelho n'ativa!

Dia desses, voltando pra casa de ônibus, ouvi uma canção bastante tocada nesses últimos dias [sem o sentido escatológico, necessariamente]: “Faz um milagre em mim”. Uma linda canção! Já tinha ouvido falar que a música se encontrava nas paradas de sucesso da rádio NATIVA FM, uma estação bastante popular [bastante mesmo!] aqui no Rio. Portanto, sabia que a qualquer momento ouviria tal canção, enquanto voltasse pra casa. Motoristas de ônibus curtem NATIVA, reparou? Ainda assim, me “espantei” por ter ouvido tal música numa rádio não-evangélica...
["Entra na minha casa!"]

O cantor Regis Danone... Digo, Regis Danese é o intérprete da “canção-mania”. Talvez, por ter sido integrante do grupo [secular] Só Pra Contrariar, seja o motivo de toda repercussão. Outro cantor muito querido pelo povo [que o digam os vendedores da Uruguaiana!] é o irmão Lázaro, ex-Olodum. Como no parágrafo supracitado [sempre quis escrever isso...], ouvi a “música do Zaqueu”, enquanto voltava pra casa, sentado no ônibus 422 – Mauá; para meu “espanto”, a música que tocou a seguir não era da Cassiane, Lagoinha, Fernanda Brum, Hillsong... Isso porque se tratava de uma rádio não-evangélica, embora tivesse acabado de tocar uma música com letra cristã.

["Entra na minha vida!"]

Enquanto a música do Danette... Oops! Enquanto a música do Danese tocava, uma jovem que se encontrava num banco atrás de mim dizia: “Essa música é linda! Estou desviada do Evangelho... Sei que preciso voltar.” Essa frase chamou minha atenção. O Dan’up... Ou melhor, o Danese não é meu “cantor-evangélico-preferido”. Gostaria de ouvir o João Alexandre, Gerson Borges, Jorge Camargo e outros “monstros” da música evangélica [que muitos, infelizmente, desconhecem]! Intérpretes que, desde criança, aprendi a gostar! E você? Pense no seu grupo/cantor preferido. Não seria emocionante? Mas, quer saber? Não vou, nem quero ser papagaio e ficar repetindo o que muitos vêm dizendo por aí.

["Mexe com minha estrutura!"]

Espero que não seja o seu caso, mas se você – querido leitor – esperava que eu malhasse o Danese [acertei!] e/ou sua “canção-mania”, se enganou. É melhor parar por aqui ou continuar lendo pra tirar suas conclusões [sugiro a segunda opção]. Pois bem... Não acho que o fato da canção estar na boca do povo seja uma banalização do Evangelho ou coisa parecida. Quem disse que o Evangelho tem que ficar trancado numa biblioteca de monges, numa livraria para intelectuais, num templo para cristãos esclarecidos? Não leio isso na bíblia... Aliás, uma das primeiras conquistas da Reforma Protestante foi a popularização do Evangelho [por que a bíblia tão-somente para o clero? Por que o culto em latim? – indagava Lutero. Sabe-se que o tal monge não foi tão “salvador da pátria" assim... Mas este é um outro post. E quem sou eu pra falar do Lutero. O camarada deu a cara a tapa, não é mesmo?].

["Sara todas as feridas!"]

Não digo que a popularização de músicas evangélicas seja um indício de avivamento em nossa nação. De forma alguma! Na terra do tio Sam, bandas evangélicas são tocadas em rádios seculares; mesmo assim, os ianques necessitam de um revival! Por outro lado, não vejo motivo de tanto “não aguento mais!” por parte de alguns dos meus irmãos de fé, no que diz respeito a popularização da “música do Zaqueu”. Não sou “avivólogo”[permitam-me o neologismo, por favor], mas – repito – não creio estarmos diante de um avivamento, nem vejo razão para que façam careta quando temos um canção evangélica em rádio secular.

["Me ensina a ter santidade!"]

Recentemente, um amigo me disse algo interessante sobre o fim de festa [“saideira”] dos seus vizinhos: “Depois de toda bebedeira, Alexandre, eles se abraçaram e cantaram: ‘Entra na minha casa/ Entra na minha vida/ Mexe com minha estrutura/ Sara todas as feridas/ Me ensina a ter santidade/ Quero amar somente a Ti/ Porque o Senhor é o meu bem maior/ Faz um milagre em mim.’” Sem dúvida, é algo cômico: bêbados abraçados cantando música evangélica, sobretudo com uma letra dessas! Mas, por que não se emocionar diante de tal convite: “Faz um milagre em mim!”. Quem sabe, Deus cansou de ouvir nossas [falsas] declarações de amor e inclinou seus ouvidos para os “pinguços” que o louvam sinceramente? Não me arrisco a dizer que todos cantam da boca pra fora...

["Quero amar somente a Ti!"]

Dizemos que somos ecléticos, que “Deus vê o coração”... Nosso pé atrás em relação à artistas que se convertem, por exemplo, não podem se justificar porque elegemos a “rainha do rebolado” como uma falsa evangélica – aquela do “piri-piri-piri...”. Há conversões genuínas! É Deus quem sonda o coração e são os frutos que denunciam a qual árvore pertencem [no seu devido tempo]. Deu pra notar que não me preocupo em separar “cristãos” de “evangélicos”. Considero uma meninice essa divisão entre “evangélicos” e “cristãos”. Como se a tarefa de separar o joio do trigo [se fosse esse o caso...] competisse a nós – os “esclarecidos”! É como se o João Alexandre fizesse música para os “cristãos” [leia-se: os esclarecidos, intelectuais...] e o Danese fosse o cantor dos “evangélicos” [leia-se: a massa, os manipulados...]. Quanta arrogância, não? [tsc, tsc, tsc...] Um corpo dividido! Ah, quer saber? Não vejo a hora de ouvir os ex-pinguços cantarem: “Eu sou de Jesus! Eu sou de Jesus! Eu sou de Jesus!” [irmão Lázaro, “cantor popular”]. Por quê? “Porque todo mundo é pródigo!” [Gerson Borges, “cantor cult”].

["Porque o Senhor é o meu bem maior!"]

Repito: Prefiro João Alexandre e Cia, mas deixem o Danese cantar! Dessa forma, aprendamos com Paulo – apóstolo dos gentios – que, embora tenha sido aluno de Gamaliel, uniu muito bem [obrigado!] o “popular” ao “cult” [e vice-versa] de sua época.

["Faz um milagre em mim!"]