quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Integral ou desnatado?

No mundo das escolhas, em que tudo parece que está numa prateleira de supermercado, as pessoas se vêem como consumidoras de tudo [e um pouco mais]. O campo de ofertas se estende a tal ponto que o consumidor se vê perdido em meio a tantas escolhas: diet, light, “com toque de limão”, integral, desnatado, instantâneo etc.

A verdade é que as nossas relações também viraram produto de prateleira. Parece que fomos industrializados e temos até data de vencimento [“best before...”]. Quietude, espera, meditação, dentre outras disciplinas contemplativas, não são bem quistas entre nós. Um exemplo disso é a frase dos que se aventuram no amor: “A fila anda” - como se o coração fosse um produto na linha de montagem de um modelo fordista, feito para ser consumido como os demais bens de produção duráveis. Bem, na verdade, não tão duráveis assim, vamos combinar... Você sabe, né? É a lógica capitalista: os bens não podem durar tanto, pra economia girar [já temos um outro modelo: toyotismo, que na explicação schumpeteriana vem a ser a “destruição criadora” que troca o velho pelo novo. Estou estudando! hehe...].

Outra coisa é perceber como a nossa espiritualidade tem sido alvo dessa correria desenfreada. São tantas as programações, eventos, congressos, vigílias, projetos, louvorzões... que me pergunto, sinceramente, onde está Deus nisso tudo. De um tempo pra cá, “missão integral” tem sido tema corrente em oficinas, palestras, periódicos, boletins dominicais e outras formas de mídia evangélica. Mas, cá entre nós, “missão integral” não é uma invenção de missiólogos! As Sagradas Escrituras nos apresentam ótimos exemplos de “missão integral”. Nada melhor que a parábola do bom samaritano!

"Ide e fazei discípulos de todas as nações..." . A Grande Comissão [cada vez menor...] é muito mais que um tema augusto, sublime, majestoso... Pra mim, Jesus Cristo não estalou os dedos e deu essa ordem aos seus discípulos. Não! Ele demonstrou isso, em seu ministério, através de seu relacionamento com o próximo: a mulher samaritana [era mulher e samaritana!], a mulher cananéia [era mulher e cananéia!], a escolha de Levi [um cobrador de impostos!], dentre outros personagens que faziam qualquer judeu sentir coceira só em mencioná-los.

Gente não é andróide. Gente tem sentimentos, emoções, sonhos, projetos, desejos... E é justamente nessa rede de gente que a missão integral se apresenta. Não há espaço para estruturas, porque a vida é dinâmica e Deus se revela de forma dinâmica: impossível formatar Deus. A nossa própria fala nos denuncia, quando dizemos, por exemplo, inocentemente: “Vou ao culto”. Mas será que precisamos ir ao templo pra cultuarmos Deus? E o nosso dia-a-dia? Não, este não é um discurso liberal! Ir à igreja é importante, sim! Já dizia o salmista: “Alegrei-me quando me disseram: vamos à Casa do Senhor.” Aliás, como alguém já disse: “não se vai à Igreja, mas se é Igreja.”

Não sou o Richard Foster ou o Rick Warren, mas constato que existe uma praga que ronda a Igreja de Cristo: a praga do ativismo. Ativismo é quando consideramos as tarefas essenciais para o cumprimento do “Ide” de Jesus. Chamo de praga porque elas aparentam ser boas... pra crescer a Igreja. Contudo, repare no verbo: “aparentam”, isto é, não “são”. É como se medíssemos a espiritualidade de alguém pelo número de cargos, títulos, “promoções”... recebidos na Igreja. E assim, fazemos do Cristianismo uma grande empresa. Os “fermentos” para o seu crescimento são dos mais variados [basta entrar numa livraria evangélica e ver a quantidade de livros para o “crescimento” da Igreja]. O problema é a motivação errada desse crescimento: tão-somente quantitativo? E a qualidade [investir em relacionamentos sadios]?

Quando escrevo essas coisas e as coloco no blog, sinto uma mistura de tristeza e alegria. Tristeza porque me vejo nesse grupo de pessoas que já correu de um lado pro outro, procurando “fazer algo pra Deus” [e se não vigiar, volto àquela correria outra vez...]; alegria por ter sido despertado [por Deus] ao convite de uma vida dinâmica a ponto de não “entrar em crise” porque não abri a boca pra falar do plano da salvação. Descobri que ser cristão é me relacionar com Deus e amar o meu próximo. Dias de evangelismo, por exemplo, são como um megafone pra me lembrar de minha responsabilidade de compartilhar o amor de Deus: algo que devo fazer diariamente. Afinal, evangelismo é meu estilo de vida [ou não é?]. De acordo com a minha resposta, constatarei que tipo de cristianismo vivo: integral ou desnatado?

“Pregue o Evangelho em todo tempo. Se necessário, use palavras.” [São Francisco de Assis]

terça-feira, 7 de outubro de 2008

"A gente somos inútil!"

“E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou.” [Gênesis 5:24]

Este versículo tem falado muito comigo! Muito mesmo! E olha que é um versículo bem conhecido, hein! Daqueles que a gente ouve desde criança, como Salmo 23:1 e João 3:16. Leio, releio e constato a riqueza do propósito de Deus para o homem: uma vida abundante, através do relacionamento Criador - criatura. Pode parecer um comentário gótico... Mas é um belo epitáfio, não acha?

A Bíblia não nos traz muita informação sobre as atividades desempenhadas por este homem. Pode até ser que ele tenha sido embaixador do Rei ou, quem sabe, corista, presidente da União de Adolescentes, líder da Juventude de sua comunidade, “evangelista dos evangelistas”... Será que ele chegou a ser um missionário [daqueles que largam tudo pela causa]? Ah, já sei: ele pode ter gravado um CD... Foi ordenado ao ministério pastoral... Não! Tornou-se um apóstolo; dessa forma, montou uma grande rede de TV e rádio, cobrindo toda a “tribo” com a mensagem de sua igreja...

Não se preocupe! Não estou com um parafuso a menos. É claro que não existia televisão, rádio, CD, nem Embaixador do Rei [“laialaialaialaia... JESUS!”]... O que quero dizer é que aprendo, ao ler este conhecido versículo, que tudo o que Deus deseja de nós é relacionamento. É a proposta mais louca que já vi em toda minha vida [tenho 21 anos]. Por quê? Porque relacionamento é correr risco - sem o sentido de “atirar pra todos os lados”, por favor [não coloque palavras em minha boca, ou melhor, no meu blog...].

Relacionamento não é uma cláusula ou formulário em que se analisam, de forma cautelosa, todos os prós e contras - inclusive as letrinhas miúdas [se tiver uma lupa, melhor...] -, pra que tudo fique bem claro acerca daquilo que será “investido”. Relacionamento é a coisa mais inútil do mundo! Sim, porque não se trata de um toma-lá-dá-cá. Relacionamento não é uma barganha ou troca de interesses. Relacionamento é uma grande descoberta. Não fazia idéia de algumas coisas que passaria com Deus, desde que disse “sim” a Ele. Mas, ainda assim, posso te dizer que me relacionar com Deus foi [e tem sido] uma grande descoberta, que a cada dia me fascina [fascinação é a melhor descrição indescritível pra minha caminhada com Deus!].

Não quero nem entrar no mérito da Graça de Deus, porque não sou teólogo [deixa para quem sabe, né? Embora o teólogo Paul Tillich tenha afirmado que “Deus está além de Deus.” Concordo!]. O que quero destacar é o “tô nem aí” de Deus pra nossa agenda e calendário cristãos nem um pouco cristocêntricos, mas tarefacêntricos. Por muitas vezes, corremos de um lado pro outro e nos igualamos àquela mulher-do-poço que perguntou a Jesus em qual monte o Criador deveria ser adorado. Ou à Marta que se preocupou em fazer um banquete [bolinhos de chuva, talvez...] e deixar a casa super limpa [com cheirinho de VEJA Multi-Uso], no lugar de estar aos pés de Jesus e se deleitar com suas palavras. Acho que essas mulheres tinham até boa intenção, sabe? Queriam oferecer o melhor pra Deus. Afinal de contas, “pra Deus tem que ser o melhor”, não é mesmo? Sim, mas o que Deus deseja de nós é APENAS relacionamento. Simples, não? Isso até me constrange...

Não acredito que a história de vida de Enoque tenha sido resumida por falta de tinta na caneta [pena?] de Moisés. Acredito que a curta biografia não rendeu um livro com inúmeras páginas porque o Criador quis nos ensinar algo, através da vida de Enoque, de uma forma simples, sobre uma vida simples que agrada a Ele [Super-abundante... “clap, clap”... Gra-a-ça...]: Deus deseja se relacionar conosco a ponto dEle decidir nos tomar para Si. Ele quer que sejamos Seus amigos, tal como Abraão o foi [mas este é um outro post...]. E você? É um líder de ministério ou, mais que isso, amigo de Deus? Tem um relacionamento útil [o que não seria um relacionamento, mas uma negociata] ou inútil [despretensioso/sem interesses]?

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

DaS vAnTaGeNs De SeR bObO - ClArIcE LiSpEcToR


O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."


Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.


O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.

Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.

Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"


Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!


Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.


O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.


Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!


Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.

"O bom humor é a mão de Deus sobre os ombros de um mundo triste." [Autor Desconhecido. Deve ser um bobo...]

domingo, 3 de agosto de 2008

Cuidado com o sino!

Amanhã é dia de "volta às aulas"! Acordar bem cedo e atravessar a Baía de Guanabara by BARCAS S/A, rumo ao meu campus que fica no Centro do Rio: IFCS/UFRJ. Não gosto da ponte Rio-Niterói! Na maioria das vezes que me deixei levar pelo "ônibus que me deixa em frente ao IFCS", me atrasei. Sabe aquela música do Seu Jorge?! "São Gonça"...

Pra mim, volta às aulas significa muito mais que rever os colegas de classe e ouvir [mais uma vez] os problemas enfrentados pela universidade pública [o REUNI é exemplo de um dos principais monstros a ser combatido, segundo os CAs de esquerda].

Acima de toda "rotina", como alguns podem pensar, voltar às aulas é conviver com pessoas que sonham, desejam, têm esperança, acreditam, militam...

Um prédio histórico no Largo de São Francisco, onde se reúnem três dos "cursos mais fechados ao evangelho" - afirmam aqueles que nunca investiram alguns minutos sequer num bate-papo sobre "assuntos espirituais". História, Filosofia e Ciências Sociais são os cursos ministrados pelo IFCS [Instituto de Filosofia e Ciências Sociais] - prédio localizado a alguns metros de uma Igreja Católica.

Tradicionalmente, de hora em hora, ouvem-se as batidas do sino da igreja. Acho interessante e até irônico, porque o sino acabou se tornando o relógio oficial de nossa instituição [laica]. Não sou sinólogo [palavra que acabo de criar para "especialista em sinos"...], mas existe uma espécie de intervalo pra que o sino bata tantas vezes quanto os ponteiros do relógio apontam as horas que se passaram. 12h - isso significa que os estudantes e demais pessoas próximas à igreja serão agraciados pelo "blooooommm..." durante doze vezes.

Desconsiderando a simbologia do sino [seu valor religioso], há pessoas que não gostam de seu "barulho" e outras que curtem essa tradição católica. Gostando ou não dos longos "blooommm...", o fato é que em algum momento o sino não será mais tocado. Nem seu eco será ouvido. Ainda que se faça "barulho", seu som não é duradouro/eterno. Sempre que ouço os sinos, imediatamente me lembro de I Coríntios 13 e reflito sobre como anda meu christian way of life...

De que adianta fazer tudo bonitinho, certinho, engomadinho... se minha prioridade não for o amor? Ainda que eu escreva um livro [ou blog] repleto de poesias, ainda que eu tenha "bíceps do Popeye" [pra conquistar a "Olívia"], ainda que eu atravesse o Atlântico nadando [pra "fazer Missões"], ainda que eu seja líder de ministério, ainda que eu pregue como ninguém, ainda que eu participe de inúmeros congressos de "despertamento espiritual", ainda que eu seja contra o REUNI, ainda que eu ajude um cego a atravessar a rua, ainda que seja o garoto que vive de bom-humor, ainda que dance no louvor, ainda que cante no coral da igreja, ainda que cure alguém, ainda que escreva isso tudo, ainda que... "se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine". [I Coríntios 13:1b]

De todos os sonhos, projetos, desejos... Quais são minhas reais intenções em minha vontade de "impactar o mundo" [ou a universidade]? O Evangelho é tão rico que vale pra todas as áreas de minha vida: sentimental, emocional, espiritual, estudantil, profissional, ministerial e outros "al". Se o amor não for prioridade, de nada adianta - assim como o sino, ainda que se faça "barulho", seu som não é duradouro/eterno. O amor é o que mais importa. O resto é resto, ou melhor, é sino ["blooommm..."].

"Três palavrinhas só, eu aprendi de cor: Deus é amor. Tra-la-la-la-la-la-la-la-la". [Uma canção para crianças. Só para crianças?]

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Qual é sua geração?

Do dia 23 a 24 de maio, participei de uma conferência em São Paulo, realizada pelo Passion: um ministério voltado a "despertar espiritualmente" [foi a definição que mais ouvi] os estudantes universitários do mundo todo. Sua visão encontra-se no livro do profeta Isaías, capítulo 26, versículo 8 ["Geração 268"]:

"No caminho dos teus juízos, Senhor, temos esperado por ti; no teu nome e na tua memória está o desejo da nossa alma."

Curiosamente, em minha mente [desculpe o eco...], veio a inevitável comparação ao quadragésimo aniversário da juventude de "maio de 68" [aquela das barricadas e frases criativas, como: "As paredes têm ouvidos, os ouvidos têm paredes"]. A "Geração 68" foi uma geração marcada pela força dos movimentos estudantis no cenário político [restringi à política, mas sua influência cultural, por exemplo, é incontestável]. Sim, claro que rola um certo saudosismo por parte de algumas pessoas. "Flores nos cabelos", "movimento hippie", "paz e amor", "revolução já!", "caminhar contra o vento sem lenço e sem documento"... Tem gente que deve até chorar de saudade dessa época. Muito se foi espetacularizado - pra fazer uma analogia à máxima de Guy Debord [estou estudando! hehe...].

"Façamos justiça! Foi uma época de conscientização social que até hoje tem influenciado movimentos de resistência em todo o mundo" - diria um militante orgulhoso por sua geração 68. Não sou de debochar de tempos passados! Em alguns casos, águas passadas movem moinhos, sim! Eu mesmo me amarro nas canções de antigamente, por exemplo. Como sinto saudades da vitrola daqui de casa! Eu me lembro perfeitamente de quando meus pais colocavam os LPs do Grupo Logos: "Você amigo também/ Pode esperá-lo assim/ É preciso, entretanto, entregar-lhe o coração/ E então, vem cantar/ Que bom será..." Hmm... Olha o cheirinho de naftalina!! hehe...

O problema é quando a geração vira um rótulo. Aí, já viu, né? "Geração coca-cola", "geração extravagante" [extragavante?], geração disso, geração daquilo... Não quero tirar os méritos dessa juventude que pôs a cara à tapa por suas convicções. Mas, pessoas continuam sofrendo todo tipo de violência possível: física, emocional, verbal, doméstica... Há quem diga que a frase "Vamos mudar o mundo!" anda meio fora de moda, sabe? Também, pudera! O que mudou de 68 pra cá? Não influenciaremos nossa geração por nossas forças, nosso jeito, nossa vontade. Aliás, a nossa vontade é ruim, imperfeita e desagradável. Discorda? Então discuta com o apóstolo Paulo, o "apóstolo dos gentios". Foi ele quem escreveu isso, divinamente inspirado - importante ressaltar [Romanos 12:2].

Não podemos colocar Deus numa caixa de sapato, pra que Ele se renda à nossa vontade de mudar o mundo. Por quê? Porque isso não é possível, caro leitor! Ainda assim, vez por outra, tentamos engavetar Deus, não é mesmo? Ou colocá-Lo na lâmpada mágica do Aladdin... Ou consultá-Lo nas páginas de um livro de Teologia Sistemática... Somente Deus tem a melhor maneira de transformar o mundo. Deus interfere na história!

Não sou eu que vou explicar neste curto espaço um assunto tão abrangente como o "conflito de gerações". Mas, se me permite, direi que a relação "pais e filhos" [me refiro à gerações distintas] reflete algumas contribuições [aparentemente contraditórias]. Perceba: Enquanto o adulto faz de sua "experiência de vida" um ideal, critica as novas formas de pensar da juventude. Como o homem se contradiz! Apegado aos "ideais" de sua experiência, a geração "experiente" se isola em sua "torre de marfim" e faz de sua crítica aos "devaneios da juventude" uma bandeira. Nada mais juvenil, não? E vira uma bola de neve [dialética, pra falar bonito...]. Entendeu? hehe... Resumindo: ambos estão falando do mesmo assunto, mas com idiomas diferentes. Todos querem transformação!

"Você me diz que seus pais não lhe entendem. Mas você não entende seus pais.Você culpa seus pais por tudo. E isso é absurdo. São crianças como você. O que você vai ser, quando você crescer?" [Renato Russo - Pais e Filhos]

A verdade é que todos querem transformação, mas poucos querem ser transformados. Precisamos de relacionamentos que transformem atitudes e caráter. How? [pergunta o falante da língua inglesa...]

a) através do PAC; b) através de ONGs; c) através da religião; d) através da Fundação Roberto Marinho; e) nenhuma das anteriores. Espero que você tenha marcado a alternativa "e)", pois a mudança que o mundo tanto precisa não virá de esforços humanos. Somente Deus, através de Seu filho Jesus, pra mudar nosso mundo. Geração 268? Sim! Sou "geração 268" porque - e somente porque - em Deus está o desejo de minha alma. "Gerações vêm e gerações vão, mas a terra permanece para sempre." [Eclesiastes 1:4].


Geração vai, geração vem
E a terra permanece pra sempre
Do pó veio o homem e ao pó vai voltar
E suas riquezas vão ficar
Levanta-se o sol, põe-se o sol
E a sua origem retorna novamente
A vida e os seus ciclos,
Formas que retornam ao princípio:
Deus e o homem, perfeita união
Nada é tão novo e nada é tão velho
A vida e os seus mistérios
Um homem e uma cruz, vida e luz,
Jesus o "Cordeiro de Deus"
Levanta-se o sol, põe-se o sol
E à sua origem retorna novamente
O que nos resta, senão retornarmos aos princípios:
Deus e o homem, perfeita união
[Oficina G3 - José Afram Júnior]

domingo, 15 de junho de 2008

[] [] [] [] "Cada um no seu quadrado" [] [] [] []


"Ado! A-ado... Cada um no seu quadrado!" Esse é o novo hit da moçada []como diriam os mais antigos...[]. Não sou entendido no assunto, mas é uma espécie de funk com ginástica... "Funkn' aeróbica"... Canta-se bastante rápido e quase separando as sílabas: "Ca-da um no seu qua-dra-do/ Ca-da um no seu qua-dra-do..." Ouvi pela primeira vez esse sucesso na faculdade []do lado de fora da sala de aula...[]. Achei um tanto quanto diferente, sem sentido... Mas, confesso que ao assistir em casa na TV a própria feitora []compositora...[] explicando a razão de tanto sucesso, vi que o motivo de tanto "ado" fazia sentido. Quem já não se pegou fazendo os passinhos no piso de casa? De qualquer forma, gostando ou não da sinfonia, ela é "quiném chiclete" []como ouvi recentemente...[].

Apesar de "estar na boca do povo" - disse a compositora []e intérprete![], orgulhosa de sua proeza - não creio que concorra ao Grammy Award. Mas que pega "quiném chiclete", pega! Como aspirante a cientista social []com todo respeito à "categoria"...[] e fan do cartoon "O Fantástico Mundo de Bob", dá pra comparar nossa sociedade ao "verso chiclete" dessa inocente canção. Não! Não é uma busca de mensagem subliminar na música []não sou chegado a procurar agulha no palheiro...[].

Existe um fenômeno que tem tomado conta de todo globo terrestre; por conta disso, nós, terráqueos, estamos sujeitos a essa ameaça global. Desculpe o tom apocalíptico, mas é a pura verdade! Trata-se do Esfriamento Global! Diferentemente do Aquecimento Global - tão discutido atualmente pela mídia, ONGs, artistas, políticos, vendedores de churros, pipoqueiros...- o Esfriamento Global constrói geleiras. Isso mesmo! Lenta e gradualmente, nos tornamos pessoas frias, geladeiras ambulantes.

O "olho no olho", a sinceridade e "o outro em primeiro lugar" estão sendo trocados pelo "olho por olho" , arrogância e "cada um no seu quadrado". A política do "Cada um no seu quadrado" é herdeira da liberdade individual []hahaha...[], prima da "Farinha pouca, meu pirão primeiro". Conhece? O "seja você mesmo!" é dogma []portanto, quieto! Não conteste, senão...[] do humanismo: doutrina que aposta suas fichas []uma "fé quadrada"[] numa sociedade construída pelo homem. O homem é centro do universo e das preocupações filosóficas...

Assim, construímos o mundo sozinhos! Por quê? "Ora, porque somos indivíduos pós-modernos". Chique, não? É mais ou menos assim: "Cada macaco no seu galho", entende? Depois que fomos convencidos de que nos tornaríamos "conhecedores do bem e do mal" [Gênesis 3:1-6], deixamos de desfrutar de uma vida significativa. Até hoje tem gente se perguntando "qual é o sentido da vida?". Como se não bastasse, olhamos o brinquedo do outro e pedimos um igualzinho. Não podemos ficar "de fora" do quadrado, né? "Samueeeeeeeel, me vê um rei, faz favor! As outras nações têm... Por que não podemos?" [1 Samuel 8:1-9]

E dizem que caminhamos para o progresso... Contudo, o homem constrói sua própria cova. [Provérbios 1:15-19]. A falsa liberdade não nos permite enxergar que somos escravos de nós mesmos quando ideologizamos o que deveria ser cultivado: saímos do jardim e fomos para o ringue []box/quadrado[]. Impressionante perceber como a própria sociedade trata os filhos de sua "pátria amada, idolatrada, salve, salve!". Quando um "pivete" rouba um tênis caro de um "playboy" bem arrumado, logo recebe um cascudo como sinal de punição []isso quando não acontece algo pior[]. Sim, a situação pode se inverter... O "playboy" pode implicar com o "pivete" []como alguns têm o "costume" de fazer com índios, prostitutas, empregadas domésticas, empregadas domésticas que "se parecem com prostitutas"...[]. Mas, consideremos o primeiro caso. O menino está roubando porque não deseja estar fora do sistema []quadrado[].

"Ah, Alexandre! Você começou bem! Mas, agora... Está até defendendo os trombadinhas...". De forma alguma! Só estou contestando o paradoxo de uns terem o direito e outros não de possuir um tênis de marca []do quadrado...[]. A prostituta, o "pivete", a mãe adolescente []já virou categoria...[], a criança que cheira cola []pra passar a fome...[], dentre outros "marginais" são frutos da sociedade. Foi ela que os gerou, mas os tem como filhos bastardos. Não enxergamos como parte de nosso mundo. É o "Sangue de Abel"...

Porém, se nos voltarmos pr'Aquele que nos criou com um plano, descobriremos que é possivel derreter a frieza do globo terrestre com o calor do amor de quem não poupou nem mesmo o seu próprio filho, para que desfrutássemos de uma vida com sentido, cultivando o nosso jardim junto com o Rei dos reis. Levantemo-nos como profetas pra derreter as geleiras que impedem a unidade - possível até mesmo na diversidade [Atos 2:42-47]. Como cantava a geração dos nossos pais, cantemos: "Aviva-nos, Senhor. Eis nossa petição: ateia o fogo do alto céu em cada coração." [Avivamento - 171 CC]

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Quando a gente não se acostuma...

Sinceramente, não sei onde estava com a cabeça quando resolvi ter um blog. Não que não tenha nada de importante pra postar. Imagina... Acontece que a vida passa tão rápido e quase não há tempo pra se escrever sobre esse tempo. Nesses últimos dias [sem a conotação escatológica, necessariamente...], vi e ouvi coisas muito esquisitas. Mas, para alguns, não tão esquisitas assim...

Li a Genealogia da Moral; ouvi dizer que "Deus está morto"; um professor fez comparações simplistas do calvinismo à teologia [nem um pouco teológica] da prosperidade [aquela que você entra numa determinada "igreja" e "toma posse" de um carro na garagem, casa na praia, dente de ouro...]; o coordenador do curso de Estudos de Mídia anunciou que o curso acabara de ser reconhecido [nota: era dia 1º de abril, mas não era mentira]; o Chico Buarque e a Marieta Severo ["Dona Nenê"] estiveram no meu campus pra defesa de tese da filha et coetera.

Porém, algo estranho chamou minha atenção: Ao descer a escadaria da faculdade, me deparei com uma pessoa [ainda que não se portasse como tal] bêbada, deitada no chão, engolindo o próprio vômito. Uma cena deprimente. Pessoas indo e vindo, indiferentes ao homem jogado no chão, em frente ao Instituto de Filosofia e Ciências Sociais [IFCS]... Que cena! Não era um documentário nacional. Era vida real. Diante de uma situação como essa, o que fazer? Ficar de braços cruzados não adianta.

Estava me sentindo um jeca tatu. Como alguém que tivesse acabado de sair do campo; por conta disso, sofrendo os efeitos do hiperestímulo sensorial da cidade grande. Pra quem nasceu na metrópole, não é nada novo observar [quase de camarote] mendigos, crianças de rua, assaltos... Parece que tomamos uma boa dose de anestesia a fim de que não percebamos esses paradoxos da modernidade: uns comendo caviar e outros o que vier [sto é, quando vem alguma coisa...]. Existe um sociólogo [desculpe, mas não me lembro do nome] que denominou essa indiferença de atitude blasé [desculpe, mas não me lembro de como se escreve]: uma proteção que o homem moderno criou pra se acostumar com os efeitos da modernidade [que meus professores não leiam minha síntese pra esse tipo de comportamento].

Isso me fez refletir acerca do uso de minha profissão, sabe? Confesso que não quero colocar meu diploma embaixo do braço [ou numa parede] e viver de retórica cientistasocialesca: "revolução", "fato social", "tipos ideais", "dialética" e outros blá-blá-blás... Urgh! Eca! Embora seja interessante, estudar a sociedade cansa. Minhas atitudes devem falar mais alto que minhas palavras. Por uma práxis cristã, antes que nos acostumemos com os mendigos; dependentes químicos; pais de família desempregados; crianças abusadas sexualmente...

"Transformar o mundo é uma questão de compromisso. É muito mais e tudo isso." [João Alexandre, poeta cristão]

quinta-feira, 20 de março de 2008

Cruz credo!


"O que se opõe à fé não é a descrença. É o medo."
[Leonardo Boff, teólogo]

Aquele que não vive em função de algo, por favor, levante o mouse! Referência é o que o homem sempre busca. Desculpe pelo "sempre", ok? Mas eu não vejo de outra forma. Você vê? Será que é possível uma sociedade sem um referencial? Não, este não é um discurso moralista/ baseado nos "bons costumes"... Eu me refiro à figura de algo que se possa observar, experimentar, comprovar [nem que seja pra si mesmo, sabe? Algo particular...]; no fim das contas, dizermos: "faz sentido".

Posso exemplificar [exemplos são ótimos!]: Você nunca assistiu Power Rangers, X-Men, Formiga Atômica, Chapolin Colorado, dentre outros super-heróis? Nunca se identificou com nenhum deles? Nunca quis ser como um deles? Parece que, desde cedo, somos estimulados a desenvolver nossa empatia com os coleguinhas de sala ou de nossa vizinhança: "esconde-esconde", "pique-alto", "polícia e ladrão" e outras brincadeiras para crianças [só para crianças?].

Muita gente cresce e faz de conta que não tem um "super-herói". Deve ser por causa da tal reputação ["o que vão pensar de mim?"]. Será mesmo que "gente grande" não pode ter nenhum referencial além de si? Durante toda História, percebe-se que houve muitas personalidades que influenciaram GRANDEMENTE o mundo em que vivemos. O que seria do mundo sem Sócrates, Napoleão Bonaparte, William Shakespeare, Newton, Graham Bell, Freud, Gandhi, Nelson Mandela, Analzira Nascimento e muitos, muitos outros personagens da vida real?
Muita das religiões e ideologias que o mundo dispõe está representada por símbolos: para o Comunismo, a Foice e o Martelo; o Judaísmo moderno emprega a Estrela de Davi; o Mc Donald's, o "eme" maiúsculo [M]; por aí vai. Desde os primórdios do Cristianismo, utiliza-se a Cruz como símbolo. Eis, aí, algo pelo qual tenho como referência: a Cruz de Cristo. Sim, pois ela me indica quem sou. Sou alvo do amor de Deus, que não poupou seu próprio filho. Quanto à historicidade da pessoa de Jesus, a pesquisa científica não deixa nenhuma dúvida [Jesus Histórico]. Taí, algo que tomo como referência... Meu signo? A Cruz. Ela me conduz a Cristo - Muito falado, pouco conhecido. Ele quer um encontro com você! [Saiba como]. O que seria de mim sem a Cruz de Cristo?

"Sim, eu amo a mensagem da cruz; té morrer, eu a vou proclamar. Levarei eu também minha cruz, té por uma coroa trocar." [Mensagem da Cruz - 291 H.C.]

terça-feira, 4 de março de 2008

Há dois meses...







Do dia 4 a 31 janeiro de 2008, estudantes e missionários do Alfa e Ômega participaram de um grande desafio: ampliar e consolidar um movimento estudantil na Universidade Federal de Pernambuco [UFPE]. Foi uma experiência única: impactar estudantes que, por um propósito eterno, tiveram aula no mês de janeiro. Encontrei pessoas de todos os tipos. Até um “ateu não praticante”! Dá pra acreditar? Cada pessoa que abordava, sentia um grande temor por perceber que Deus havia agendado aquele momento para que pudesse compartilhar de Seu amor. Os campi mais fechados ao evangelho eram: CAC [Centro de Artes e Comunicação] e CFCH [Centro de Filosofia e Ciências Humanas]. Adivinha onde meu grupo ficou?!

O relativismo era o manual de sobrevivência de muitos estudantes que foram abordados. Falar em verdade absoluta numa sociedade pluralista parece ser uma afronta... Contudo, o que muitos não percebiam era o fato de fazerem do relativismo a verdade absoluta. Desafiei muitos dos [pseudo] relativistas se poderiam relativizar o que relativizavam. Impressionante como o homem tenta se sustentar em coisas insustentáveis. Conversando com um “ateu não praticante”, calouro de Filosofia, constatamos que o marxismo havia arrumado um grande problema ao afirmar que “a religião é o ópio do povo”. Afinal, essa frase virou dogma para o marxismo [religião?].

Contrariando o senso comum de que é perigoso conversar com pessoas céticas, atéias, agnósticas, indecisas... De forma alguma minha fé foi abalada. Percebi sede de Deus! Creio que os questionamentos acerca da vida contribuem para que o homem não tenha uma fé cega, já que Deus abomina fanatismo/religiosidade. Acredito ainda que o homem está buscando vida abundante [uma vida completa e com propósito] através de seus próprios esforços: vida reta, boas obras, religião, filosofias etc. Porém, dessa forma, ele não a encontrará. Somente Jesus Cristo pode oferecer propósito para a vida.

Lembro-me de quando soube que havia passado no vestibular. Foi uma festa! Eu mesmo me dei o trote [máquina zero!]. Na universidade, a sede que os estudantes têm de Deus [mesmo sem se darem conta de que é Deus quem os pode saciar] confirma que os campi já estão brancos para a colheita! Passar no vestibular é muito bom. Compartilhar Cristo, na universidade, é melhor ainda!


"Deus não espera que submetamos nossa fé a ele sem razão mas os próprios limites da nossa razão tornam a fé uma necessidade". [Agostinho, séc. IV - V]