sexta-feira, 9 de abril de 2010

Crônica, irônica…


Tive um verdadeiro dia de Ninja, ontem, em Niteroi. Antes, preciso explicar algumas coisas… Tenho a matrícula trancada na UFF, há um ano e alguns meses. Difícil conciliar duas faculdades mais estágio! Ano passado, passei na biblioteca e peguei um livro pra ler (o que mais poderia fazer, numa biblioteca, né?). Pois bem! Acontece que demorei alguns dias para renovar o livro… Dias, não! Meses. 6 meses, para ser exato. É claro que, nesse tempo todo, já terminei de ler o livro. Dessa forma, ontem foi o dia de devolver o livro (e levar uma bronca). Aproveitei o dia, para rever um amigo que passaria por Niteroi. E assim começa a história…

13h30min: esse era o horário marcado para nosso bate-papo, em frente à Biblioteca Central da UFF, no Gragoatá. No entanto, por descuido e vontade de tirar água do joelho, perdi a barca da vez. Abre parêntesis. Se me perguntarem o que mais me chateia nas Barcas S/A, sem dúvida, incluo a ausência de um sinal, alarme, sirene dentro do banheiro pra alertar os higiênicos que a barca está saindo… Fecha parêntesis. Chegando em Niteroi, às 13:50, sabia que era dificílimo encontrar meu amigo na UFF. Mas, como precisava devolver o livro (e levar uma bronca), fui ao Gragoatá. Ainda na calçada do indío Arariboia, vi um corre-corre, além de gente olhando “alguma coisa do outro lado da rua” (ouvi de um jornaleiro, nitidamente assustado, enquanto fechava sua banca). Mesmo assim, segui meu trajeto, rumo ao campus do Gragoatá.

A rua estava um pouco deserta, mas imaginava que fosse em decorrência do temporal que assolou o Estado e, principalmente, a cidade de Niteroi. Até então, 132 pessoas morreram na cidade. Muito triste! As aulas foram suspensas e o prefeito declarou estado de calamidade pública. Pensei que fosse encontrar, pelo menos, a Biblioteca aberta. Mas, todo campus estava sem funcionar. Apenas porteiros, seguranças e pouquíssimos outros funcionários estavam ali. O jeito foi deixar o campus e voltar pra casa. Até que… descobri a razão de todo alvoroço visto no Centro de Niteroi: arrastão. Inevitável pergunta que fiz para mim mesmo: o que um aluno com matrícula trancada na UFF faz dentro de um campus dessa universidade, justamente em dia de arrastão? Fiquei ilhado. As notícias vindas de funcionários que retornavam ao campus eram cada vez piores. Somando com o barulho de helicoptero que sobrevoava Niteroi, muitos consideraram a opção de passar o dia inteiro dentro da UFF. Morro não sei da onde, arrastão, Plaza Shopping fechado… Isso era o que ouvia, sem entender muito bem o que, de fato, estava acontecendo.

Icarai também foi tomada pelo arrastão – disse uma funcionária da UFF. Corajosamente, uma mulher resolveu ir pra casa, mesmo depois de obter a recomendação do porteiro de ter muito cuidado. Sim, o que ouvíamos lá dentro estava ficando mais assustador que o próprio arrastão; por isso, passamos a desconsiderar uma pernoite na UFF. Resolvemos ir embora e enfrentar o que tivesse que ser enfrentado. Reencontrei um professor – o pior de toda minha graduação; para minha surpresa, a mulher que saiu da UFF comigo disse “oi” pra ele também. Ela disse que teve aula com ele, “nos anos 90” e que estava na UFF para obter informação de um concurso para professores: era formada em Ciências Sociais e tinha algumas semanas de que havia retornado da Alemanha, onde havia morado por 8 anos.

Mais adiante, fomos orientados a tomar outro caminho, depois de ziguezaguearmos feito loucos pela rua. A recomendação era para que evitássemos determinado local, por onde havia até mesmo um Caveirão… Pelo menos, foi isso que nos disseram. A cidade realmente parecia estar em pé de guerra! No entanto, próximos da Faixa de Gaza – Plaza Shopping –, passamos por policiais e até carro da Globo e do SBT… E nada, absolutamente nada parecia ser assustador. Até que um jovem, baixo, com skate nas costas (?!) e de cabelo em pé nos pediu dinheiro para ajudar na sua dor de dente. Minha nova amiga – socióloga e que ficou um tempo na Alemanha – deu ao jovem a única nota que tinha, segundo ela, de dois reais; enquanto eu, por bravura ou pãodurice, não dei dinheiro ao “espertinho”… Após abrir a boca e mostrar os dentes, o jovem disse algumas coisas que não conseguíamos decifrar… parecia uma preliminar de assaltante! Olhamos, minha nova amiga e eu, um para cara do outro. E corremos. Cada um foi para seu canto. Parecia cena de militantes correndo de guardinha, no período da ditadura (#geraldovandre).

Foi um dia estranho. Na rua, aconteceu de tudo. De vez em quando, acho que muita coisa foi fruto de minha imaginação, incluindo a conversa com os funcionários na UFF. Acho que conheci a toca do coelho, o país das maravilhas, matrix, a quimera de Descartes… Sei lá! Brincadeira. Nem tanto, mas que as coisas estavam muito aleatórias… Como estavam! Chapeleiro maluco está fazendo escola! Sinceramente, nem sei a razão de registrar isso (e com todos esses parágrafos, agradeço pela leitura).

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O temporal no Rio e a FCCC

Chuva, aguaceiro, enchente, temporal, alagamento... O Rio de Janeiro amanheceu nesta terça-feira ilhado. Sim, pois a chuva da madrugada não deu trégua. Já imaginava um trânsito caótico, por conta da chuva incessante. Ao ligar a TV, constatei a calamidade: ruas alagadas, ponte Rio-Niterói interditada... Não dava pra sair de casa. Sem chance! Pra quem não sabe, a prefeitura e o Estado do Rio têm uma parceria com a Fundação Cacique Cobra Coral (FCCC). É uma Fundação que alega ter poderes mediúnicos de controlar o tempo, através do espirito do Cacique Cobra Coral incorporado em Adelaide Scritori (presidente da FCCC). O propósito deste post não é fazer chacota com o espiritismo. Apenas questiono a eficácia de se consultar espíritos para intervir no tempo... Ressalto que não quero responsabilizar Deus pela morte de 102 pessoas (número que tende a crescer, infelizmente); tampouco, relacionar os acontecimentos como prova de um Deus cristão irado pela consultoria mediúnica... Seria indelicadeza às vitimas do temporal, além de fanatismo xiita-cristão. O que busco é questionar o poder da FCCC de controlar o tempo. Por que o Estado (laico?) confia na FCCC? Fica minha pergunta e oração pelas famílias envolvidas na calamidade.

"Alguns confiam em carros e outros em cavalos (e outros na FCCC), mas nós confiamos no nome do Senhor, o nosso Deus." (Salmo 20:7)

quinta-feira, 4 de março de 2010

Recomeço [parte II]

Primeiro era vertigem como em qualquer paixão
Era só fechar os olhos e deixar o corpo ir no ritmo

Depois era um vício, uma intoxicação
Me corroendo as veias, me arrasando pelo chão

Mas sempre tinha a cama pronta e rango no fogão
Luz acesa, me espera no portão pra você ver
Que eu tô voltando pra casa, me vê
Que eu tô voltando pra casa outra vez (Lucas 15.1 - 20)

Às vezes é tormenta, fosse uma navegação
Pode ser que o barco vire, também pode ser que não
Já dei meia-volta ao mundo levitando de tesão
Tanto gozo e sussurro já impressos no colchão

Pois sempre tem a cama pronta e rango no fogão
Luz acesa, me espera no portão pra você ver
Que eu tô voltando pra casa, me vê
Que eu tô voltando pra casa outra vez (Lucas 15. 21)

Primeiro era vertigem como em qualquer paixão
Logo mais era um vício me arrasando pelo chão
Pode ser que o barco vire, também pode ser que não
Já dei meia-volta ao mundo levitando de tesão

Pois sempre tem a cama pronta e rango no fogão
Luz acesa, me espera no portão pra você ver
Que eu tô voltando pra casa, me vê
Que eu tô voltando pra casa outra vez (Lucas 15. 22 - 31)

Casa - Lulu Santos.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Estação: Outono


Hoje, o dia amanheceu meio cinza... Cor de elefante! Bom pra ler um livro, comer pipoca e assistir Sessão da Tarde ("A Lagoa Azul", pela enésima vez...), postar alguma coisa interessante no blog... Pois bem! Fim de carnaval e início de março. Outono é um "divisor de águas" entre verão e inverno, estações tão opostas como: quente e frio, seco e molhado... Sou daqueles que gosta de pensar na vida como estações. Há sempre aquela estação preferida, não é mesmo? Mas, inevitavelmente, é preciso passar por cada estação, durante o ano. Eu sei, eu sei... "Em terra tupiniquim, as estações não são totalmente definidas" e "em tempos de aquecimento global"... De qualquer forma, estou trabalhando com metáforas, lembra? "...pensar na vida como estações." =) Para viver, é preciso passar por todas as estações. O outono está chegando. E como dizia o poeta: "São as águas de março fechando o verão. É a promessa de vida no teu coração." (Tom Jobim)

... E sem querer implicar com a dupla infantil de minha época (anos 90), discordo um pouco da música "As quatro estações". Ok! Visões diferentes.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Salvação é de Graça!

The Cranberries, uma de minhas bandas preferidas, virá ao Brasil. U-hul! Mas, mesmo sendo "uma de minhas bandas preferidas", não devo ir ao show... Por quê? Ora pois! Vai ser longe de casa e não estou afim de voltar tarde, sem companhia... E o ingresso mais em conta é 80 reais (mesmo com a carterinha de estudante). Que chato! :P

A banda não é "gospel" (reticências...), mas considero suas letras bem sugestivas...


Salvation
Salvação

To all those people doin' lines
Para todas as pessoas fazendo linhas
Don't do it, don't do it
Não faça isso, não faça isso
Inject your soul with liberty
Injete sua alma com liberdade
It's free, it's free
É grátis, é grátis

To all the kids with heroin eyes
Para todas as crianças com olhos de heroína
Don't do it, don't do it
Não faça isso, não faça isso
Because it's not, not what it seems
Porque não é, não é o que parece
No, no it's not, not what it seems
Não, não é não, não é o que parece

Salvation, salvation
Salvação, salvação
Salvation is free
A salvação é grátis
Salvation, salvation
Salvação, salvação
Salvation is free
A salvação é grátis

ah haha, ah haha, ah haha
ah haha, ah haha, ah haha

To all the parents with sleepless nights
Para todos os pais com noites sem dormir
Sleepless nights
Noites sem sono
Tie your kids on to their beds
Amarre os seus filhos sobre a sua cama
Clean their heads
Limpe as cabeças deles

To all the kids with heroin eyes
Para todas as crianças com olhos de heroína
Don't do it, don't do it
Não faça isso, não faça isso
Because it's not, not what it seems
Porque não é, não é o que parece
No, no it's not, not what it seems
Não, não é não, não é o que parece

Salvation, salvation
Salvação, salvação
Salvation is free
A salvação é grátis
Salvation, salvation
Salvação, salvação
Salvation is free
A salvação é grátis
Salvation, salvation
Salvação, salvação
Salvation is free
A salvação é grátis
Salvation, salvation
Salvação, salvação
Salvation is free
A salvação é grátis

domingo, 17 de janeiro de 2010

Recomeço

Quero cantar uma nova canção. Estou desejoso de dançar a música da Graça. Não tenho mais tempo para a religião fria e calculista que aponta meus erros numa espécie de saldo devedor. Desisto de imaginar um Deus mal-humorado, sisudo, de tocaia, que “descobre” meu pecado. Creio num Deus que perdoa meus pecados de ontem, hoje e amanhã. Seu amor é eterno e imutável. Desisto de imaginar um Deus recatado, pudico, envergonhado... Não! Deus é santo e amável. Somos nós, pecadores, que ficamos constrangidos com Sua presença. Se não fosse a Graça de Deus, nós é que estaríamos “em apuros”, e não Ele.

Desisto de me filiar a grupos, movimentos, organizações para “impactar o mundo”. Creio no sacerdócio universal: minha presença, onde estou, precisa influenciar outras pessoas. Creio na coletividade, ao mesmo tempo em que preciso ser pastor de crianças, jovens, adultos, anciãos, estudantes, profissionais liberais, indígenas... Creio em vocação, chamado, evangelismo criativo... Não consigo imaginar um cristianismo formatado, quadrado, feito caixa de sapato. Creio na missão integral: “O Evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens.”

Desisto de enxergar Deus apenas nas músicas do Cantor Cristão ou nos corinhos de “Ministério de Louvor e Adoração”. Deus é o mestre da arte e se revela como quer até mesmo na MPB. Também desisto de participar de eventos para lotar a igreja, quando esses eventos não se preocupam com o pastoreio de toda essa gente (que lotou a igreja). Creio numa igreja simpática, onde geração não se refira à faixa etária, onde pessoas cuidam de pessoas. Creio na Igreja orgânica que é feita de gente para gente. A Igreja que é agente da Graça de Deus.

Desisto de deixar de lado os santos católicos que inspiram simplicidade e uma vida consagrada a Deus, apenas porque não fazem parte da galeria de homens e mulheres protestantes. Incluindo os que não se tornaram “santos” (conforme a liturgia católica), creio ser possível admirar a simplicidade de Francisco de Assis, o serviço de Madre Teresa de Calcutá, a disciplina de Henri Nouwen, a imaginação de Chesterton, a solidariedade de Zilda Arns...

Desisto de tentar agradar todo mundo. Como alguém já disse, a clássica frase de “O Pequeno Príncipe” – “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” – pode ser um verdadeiro “cativeiro”. Amar não é uma troca de favores que conduz a esquizofrenia fanática. Creio no amor desinteressado, o amor ágape do pai que perdoa o filho pródigo e não espera uma boa explicação pelo abandono repentino. Pronto. É isso o que farei. Mesmo que erre, quero correr para os braços do Pai. Não preciso ensaiar nenhum discurso. Ele me ama, apesar dos meus erros. Eu me arrependo. Sua Graça me basta. Na casa de Papai há trajes novos, festa, dança, anel no dedo, pão e vinho.

Baseado no melhor livro que li em 2009 (e um dos melhores de toda a minha vida): NOUWEN, Henri J. M. A volta do filho pródigo: a história de um retorno para casa. 14 ed. São Paulo: Paulinas, 2007. Também vale conferir a canção do Gerson Borges sobre o livro.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Pra não coar mosquito e engolir camelo...

“Enquanto você dormia ontem, 30.000 crianças morreram de fome ou de doenças relacionadas a má nutrição. E mais: a maioria de vocês nunca ajudou em merda nenhuma. E o que é pior: você está mais perturbado com o fato de eu ter dito 'merda' do que com a notícia de que 30.000 crianças morreram de fome na última noite.” Frase de Tony Campolo, pregador e escritor cristão, durante uma palestra para estudantes universitários na década de 1980.